domingo, 18 de setembro de 2011

em viagem, viajante de mim mesmo




quando forem oito horas da manhã de segunda feira dia 9 de Agosto de 2010 parto em viagem de rumo incerto para lugares mais a sul, isso é certo, onde o sol bate a prumo e só tarde se esvai no horizonte em cores de sábios desafios, deixando adivinhar no lento movimento das marés um halo de sal, uma marca na pele, talvez uma deslumbrada flor de espuma branca na fenda do corpo dos meus dias. quando forem oito horas da manhã seguirei pela estrada sobre um rápido asfalto negro desferindo uma seta de luz na memória do intangível futuro e levarei comigo uma mochila e alguns parcos pertences, mais os velhos companheiros de viagem, o persa que me fala do amor e do vinho e o alexandrino que me canta o prazer de um lenço de seda e me ensina os mistérios da minha condição contingente e masculina. quando forem oito horas da manhã, serei apenas eu, os meu olhos, as minhas mãos, o meu corpo sabendo do abraço das algas molhadas, do voo dos ventos de direcção variável, das luas de noites quentes e improváveis e tudo será tão certo quanto a maravilha do minúsculo grão de areia fina ou da delicada gota de água de azul transparente ou do nada que em mim tudo acolhe com a serena alegria de assim ser viajante de mim mesmo.


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