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IMAGENS DO REAL IMAGINADO
7ª Edição
2 a 6 de Novembro de 2010
Biblioteca Almeida Garrett
Teatro Helena de Sá e Costa
Maus Hábitos



OPEN DOCUMENTARY

Quando se procura definir o filme documentário ocorre estarmos em presença de um objecto do campo cultural que remete para o domínio de discursos e narrativas de natureza diversa sobre o mundo real. Os discursos, entendidos no cinema como a materialização de significados resultantes da articulação gramatical de signos audiovisuais, são portadores de mimesis, mas também de diegesis. A primeira aponta para a imitação, a segunda para a narrativa. É nesta duplicidade de sentido, da qual o pathos é inseparável elemento dramático, que se inscreve a ideia do documentário. O mesmo se aplica, de resto, à generalidade das narrativas. Só que no documentário, sendo muito presente o papel da tecnologia enquanto elemento indutor de linguagens, sempre houve lugar para um vasto campo experimental. Como tal, a expressão open documentary é de certa forma redundante dadas as metamorfoses deste outro cinema no plano da historicidade. Se agora ganha nova acutilância parece isso ser consequência de duas ordens de factores: por um lado, o corte epistemológico do filme documentário face à formatação imposta pela vulgata televisiva e, por outro, uma cada vez maior transversalidade das artes que abre o campo àquilo em que o documentário sempre se sentiu muito à vontade, ou seja, a busca de um número praticamente ilimitado de possibilidades combinatórias para efeito de explicitação. Esta 7ª edição do IRI reflecte isso mesmo. Beneficia de uma retrospectiva dos filmes de ruptura de Alain Resnais, cineasta da modernidade, que estabelecem entre si um fascinante diálogo entre diversas formas de expressão criativa, bem como de um ciclo de cinema de animação alemão ao qual não é estranha a linguagem de alguns documentários. Tem filmes de autores que trabalham com arquivos, fotografias e outros materiais fazendo dos seus filmes uma permanente reflexão sobre o cinema. Tem um conjunto de masterclasses nas quais o tema open documentary é declinado de múltiplas formas. E tem filmes e exposições fotográficas que tanto resultam do Mestrado em Comunicação Audiovisual do Departamento de Artes da Imagem da Esmae, quanto dos cursos de 1º Ciclo. Finalmente, uma nota de reconhecimento pela colaboração da Alliance Française e do Goethe Institut. Sem eles o IRI não seria o que é.

                                                                                                                Jorge Campos

Dia 2 de Novembro 2010
BAG

14h.30
Apresentação do Ciclo
Jorge Campos

Cinema de Animação da Alemanha
Filmes:

Drei Grazien (Três graças) (2006) de Hannah Nordholt e Fritz Steingrobe
Nomeação para o Prémio da Curta Metragem Alemã 2006, Wisbaden Film Assessment Board Rating 2006: “Highly Commended”; Menção Especial no Hamburg International Short Film Festival, 2006
Alemanha - 15’ 00’’
Wo ist Frank? (Onde está o Frank?) (2001) de Ângela Jedek
Mecon New Talent Award, Colónia, 2001
Alemanha  - 8’ 00’’

15h.30
Retrospectiva de Alain Resnais
Filme:
Coeurs (2006) de Alain Resnais
Festival de Cannes 2006: Melhor Realizador (Alain Resnais) e Melhor Actriz (Laura Morante)

França - 120’00’’

18h.00
Sessão de abertura
Intervenções institucionais
- Instituto Politécnico do Porto
- Alliance Française
- Goethe Institut
- ESMAE
- DAI - ESMAE
Filmes:
A Parideira (2010) de José Miguel Moreira
Portugal, Mestrado DAI – EMAE - 20’ 00’’
Improvisation - Les Caravanes des Mots (2010) de Jorge Campos com fotos de Olívia da Silva
Portugal – França, DAI-ESMAE / Alliance Française - 13’ 00’’
Guernica (1950) de Alain Resnais
França - 13’ 00’’
Post Card (Cartão Postal ) (2003) de Anna Matysick
Stuttgart International Festival of Animated Film; Sudwestrundfunk (SWR) Audience Award
Alemanha - 8’00’’

21h.45
THSC
Retrospectiva de Alain Resnais
Nuit et Brouillard (1955)  de Alain Resnais
Prémio Jean Vigo 1956
França - 30’ 00’’
Hiroshima mon amour  (1959) de Alain Resnais
França - 90’ 00’’

Dia 3 de Novembro
BAG

14h.00
Filme TCAV
Tempo (2010) de Edgar Sousa
Portugal – 5’ 24’’
Cinema de Animação da Alemanha
Filme:
Ego Sum Alfa e Ómega (2005) de Jan-Peter Meier”
Wisbaden Film Assessment Board Rating, 2005: “Highly Commended”: Festival of Nations, Ebensse, Áustria, 2005; Ebenseer Bear in gold; Stuttgart International Festival of Animated Film, 2006; 1st Sudwestrundfunk (SWR) Audience Award, Alpinate Short Film Festival, Nenzing, Áustria, 2005; Jean Thevenot Medal
Alemanha – 7’ 00’’

14h.30
Masterclass de Sarah Pink (Loughborough University)
“Walking at the Edge: intersections between documentary film, photography, arts and social science practice”
Sinopse:
This paper will explore how recent theoretical interests in movement and a focus on walking in documentary film, photography, arts practice and social science research can facilitate interdisciplinary exchanges. Through a discussion of theories of movement, and of examples of walking with others in ethnographic documentary film, in arts practice and in video and photographic social science research I identify points of continuity and of mutuality. I will outline how these different approaches use walking and shared movement as a principle through which to communicate about other people’s experiences. As such I will argue that by walking at the edge of these different disciplines and documentary, arts and ethnographic practices might mutually inform each other.



16h.00
Masterclass  de Floreal Peleato (cineasta e critico de cinema)
Sinopse:

“Alain Resnais: Un Mosaico de la Modernidad”

Desde sus cortometrajes Alain Resnais (Vannes, 1922) afirma con fuerza la necesidad de encontrar una forma narrativa y dramática distinta para cada relato filmado. Más allá de la diversidad de su obra permanecen su gusto por la palabra - y el teatro - y por las formas populares - la canción, el comic -, su tratamiento singular de la música, su fidelidad a un equipo de colaboradores - el público conoce sobre todo a sus actores -, sus construcciones no lineales atravesadas por el tiempo y la melancolía. A lo largo de más de medio siglo no ha dejado de ser un exploradorque merece ser calificado, más que cualquier otro director, de "moderno".

Filme:
Les Statues Meurent Aussi  (1953) de Alain Resnais e Chris Marker
Prémio Jean Vigo 1954
França - 30’ 00’’

18h.00
Materclass de José Ribeiro (Universidade Aberta)
“Cinema e Antropologia”
Sinopse;
Desde seu aparecimento, no século XIX, cinema e antropologia, desenvolveram uma história paralela e múltiplas aproximações. As mais relevantes são metodológicas e sobre a natureza das representações, isto é, a compreensão as relações entre a produção cinematográfica de uma sociedade e a vida social. Destacaremos a proximidade metodológica entre Flaherty e Malinowski, entre a montagem segundo Vertov e as fases da investigação antropológica, entre três planos na produção cinematográfica e na investigação antropológica, as consequências epistemológicas do advento do som direto no cinema e na antropologia, o advento das narrativas complexas multi-situadas e as formas exploratórias e experimentais do pós-cinema. Abordaremos as perspetivas das lições de cinema para a nossa época de Laplantine e posição e posicionalidade epistemológica, ética e política do antropólogo e do cineasta.


21h. 45
THSC
Retrospectiva de Alain Resnais
Toute la Mémoire du Monde (1956) de Alain Resnais
França - 21’ 00’’
L’ année dernière à Marienbad (1960) de Alain Resnais
Leão de Ouro no Festival de Veneza 1961
França - 89’ 00’’

Dia 4 de Novembro
BAG
14h.00
Filme TCAV
Tarik (2010) de Emanuel Lopes, Jaime Vicente e Augusto Cunha
Portugal – 6’ 36’’
Retrospectiva de Alain Resnais
Le Chant du Styrène - 19’ (1958) de Alain Resnais

14h.30
Masterclass de Margarida Ledo Andión (Univesidade de Santiago de Compostela)
 “no interior do  frame”

Sinopse:
É posíbel traballar en presente o arquivo, esa imaxe sobre a que pasou o tempo? Transformado en  material que entra en ralación  espacial con outros materiais, construído como sinal fragmentaria dun discurso, a imaxe de arquivo pode revelar ese 'trouble' elemental da procura no interior do frame.

Filme:
Cienfuegos, 1913 (2009) de Margarida Ledo Andión e Belkis Vega
Espanha, Cuba – 17’00’’

16h.00
Filme:
48 (2009) de Susana Sousa Dias
Grand Prix du Festival Cinéma du Réel 2010
Portugal – 90’ 00’’
Introdução e debate com Susana Sousa Dias

21h.45
THSC
Retrospectiva de Alain Resnais/ Cinema de Animação da Alemanha
The Patchwork Queen (2001) de Lars Henkel
Kurzundschon, Cologne, 2002: 3rd Prize; Festival Internacional de Cine Universitário, Madrid, 2002: Melhor Som
Alemanha - 3’ 00’’
Muriel ou le temps d’ un retour (1963) de Alain Resnais
Festival de Veneza 1963: Prémio Volpi para Delphine Seyrig
França - 114’ 00’’

Dia 5
BAG
14h.00
Filme TCAV
Out of Service (2010) de Fábio Magalhães
Portugal – 8’ 20’’

14h. 15
Masterclass de André Eckert
director do Deutsches Institut für Animationsfilm
“Cinema de Animação na Alemanha: os novos caminhos”

15h.30
Masterclass de Adriana Baptista (Ecola Superior de Educação-IPP)
“Ydessa, les ours, etc: a dimensão equívoca da mostração”
Sinopse:
O documentário em Agnès Varda não parece destinado a dar a ver, mas a promover a desconfiança sistemática sobre o óbvio. Ultrapassar a dimensão do registo implica documentar o processo incerto da inteligibilidade sobre o mostrado que cada um experimenta quando vê e interpreta. Nessa medida, a realizadora faz com o espectador o percurso temporal dentro do real mas filma também a dúvida, a hipótese de interpretação e a informação que, na margem de todo o sucedido, o reveste de significado. Mas desse percurso esconde deliberadamente a designação, libertando-se, assim, definitivamente, da classificação de que todo o registo necessita. Neste caso particular, o seu documentário gere percepções, emoções e interpretações desenvolvendo lenta e progressivamente a ideia de que não basta ver e não vale dizer.

Filme:
Ydessa, les ours et etc. (2004) de Agnés Varda
França - 43’00

17h.30
Masterclass de Rodrigo Areias (cineasta)
“O meu cinema”
Sinopse:
Ainda que maioritáriamente ficção, o meu cinema parte do real e muitas vezes volta antes do fim do filme. A forma como parto para a feitura de um filme é tendo como ponto de partida o que me rodeia, quase sempre sem guião e contando com todos para o improviso.

Filmes:
Golias (2010) de Rodrigo Areias
Portugal - 9’ 00’’
Corrente (2008) de Rodrigo Areias
11º Festival de Curtas do Rio de Janeiro – Grande Prémio do Festival; 16º Curtas de Vila do Conde – Prémio do Júri: Melhor Curta Metragem Nacional; Prémio do Público – Melhor Filme; 12º Festival de Cinema Luso-Brasileiro –Prémio Especial do Júri; FIKE 2008 – Prémio Onda Curta; 1º Festival Internacional de Luanda – Melhor Filme; 6º Festival Internacional Black & White – Melhor Ficção; 14º Ovarvideo – Melhor Fotografia, Melhor Argumento
Portugal - 16’ 00’’
Apresentação e debate com o realizador

THSC
21h.45
Retrospectiva de Alain Resnais/ Cinema de Animação da Alemanha
Yo lo vi (2003) de Hannah Nordholt e Fritz Steingrobe
Nomeação para o Prémio da Curta Metragem Alemã, 2003; Wisbaden Film Assessment Board Rating, 2003: “Highly Commended”
Alemanha – 11’ 66’’
Stavisky – 114’ (1974) de Alain Resnais
Festival de Cannes 1974: Prémio Espcial do Júri para a interpretação de Charles Boyer
França – 115’ 00’’

Dia 6
THSC
Retrospectiva de Alain Resnais/ Cinema de Animação da Alemanha
15h.30
Bildfenster/ Fensterbilder (Enquadramento/ Imagens) (2007) de Bert Gottschalk
Alemanha – 6’ 00’’
Ottawa International Animation Festival, 2009: Best Expereimental/ Abstract Animation; Montageforum Film, Cologne, 207: BMW Group Grant Award for Editing; Zagreb Film Festival, Croatia, 2008: Menção Especial
Mon Oncle d’Amérique (1980) de Alain Resnais
Grande Prémio do Júri do festival de Cannes 1980
França –  125’ 00’’

18h.00
Retrospectiva de Alain Resnais/ Cinema de Animação da Alemanha
Neulich 2 (Recentemente 2) (2000) de Jochen Kuhn
Alemanha – 9’ 00’’
Festival du Nouveau Cinéma , Montréal,2000: 1st Prize; Regensburg Short Film Week, 2001: 1st Audience Award; FilmArtFestival in Schwerin, 2001: Jury Award for the best short film; short cuts cologne, Cologne, 2001: Audience Award; Wisbaden Film Assessment Board Rating, 2002: “Highly Commended”
Alemanha – 9’ 00’’
Melo (1986) de Alain Resnais
França – 112’ 00’’

21h.45
Retrospectiva de Alain Resnais/ Cinema de Animação da Alemanha
Delivery (A Entrega) (2005) de Till Nowak
AFI Fest, Los Angeles, 2006: Jury Award and Audience Award; International Animation Film Festival, Annecy, 2006:Best Debut Film; Nomination for the European Short Film Award, 2006; Friedrich Wilhelm Murnau Foundation, 2006: Murnau Short Film Award; Hamburg International Short Film Festival, 2006: “Made in Germany” Audience Award; Hamburg Animation Award, 2005; 2nd Prize; OFF Barcelona, 2005: 1st Prize; International Student Film Festival in Potsdam, 2006: Best Animated Film
Alemanha – 9’ 00’’
On connait la chanson - (1997) de Alain Resnais
Prémio Louis Delluc 1997
Césars 1997 para Melhor Filme, Melhor Actor (André Dussolier), Melhor Actriz Secundária (Agnés Jaoui), Melhor Actor Secundário (Jean-Pierre Bacri), Melhor Som e Melhor Edição
França – 120’ 00’’


Archeology of Portuguese Documentary Film
I propose to challenge the memory of the earliest Portuguese documentary. Knowing this history enables to recognize the weakness and lack of formal daring that characterized a pathway initiated by Aurélio Paz dos Reis (1896) and that, somehow, ended on the day of his death in 1931, precisely the year that Manoel de Oliveira did Douro, Faina Fluvial. Only with Oliveira, and for a brief moment, the Portuguese documentary followed the signs of the times. However, for a long time, this initial route was valued about to see the best in the film of facts production of this period. Perhaps with some justification. The problem is that  films of fact and documentary film are different things. The first refers to the idea of the document. The second would appear only in the realm of art.
Key words: Cinema, documentary film, films of fact, newsreels, archeology
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texto integral disponível também na página de cinema documental






IMAGENS DO REAL IMAGINADO 
Rosto transversal 
2 a 6 de Novembro 2009 
Biblioteca Municipal Almeida Garrett 
Cinema Passos Manuel 
Uma Iniciativa Do Departamento De Artes Da Imagem Da Escola Superior De 
Música, Artes e Espectáculo, da Alliance Française Portugal, do Goethe- 
Institut Portugal no Porto, Com a Colaboração do Centro Português de 
Fotografia e da Solar, Galeria de Arte Cinemática de Vila do Conde do 
European Centre For Photographic Research (ECPR), University Of Wales, 
Newport e do Open Studio Research Centre University of Derby, UK 

ROSTO TRANSVERSAL 

Em Du Visage au Cinema, obra capital para melhor se entender a 
centralidade do rosto no cinema, Jacques Aumont, logo após o prólogo, 
recorre longamente a Platão.  Em resumo, no essencial: à semelhança da 
forma do universo que é redondo, diz Platão, os deuses encadearam duas 
revoluções divinas e fizeram o homem. Criaram um corpo esférico, a que 
agora chamamos cabeça, a parte mais divina e que tudo comanda, e deram- 
lhe um suporte, um tronco com braços e mãos, e pernas. Nesse globo 
superior, na sua parte frontal, fizeram o rosto moldando os órgãos da 
percepção do mundo e assim abriram a porta à sempre enigmática revelação 
da alma. E por falar em alma: quando falamos do rosto no cinema o que 
ocorre de imediato, pelo menos a mim, é o grande plano no feminino, 
absoluto, arrebatador, definitivo: Falconetti em La Passion de Jeanne dʼ Arc 
de Dreyer, Anna Karina em Vivre sa Vie de Godard numa sala de cinema
diante de um ecrã onde essa mesma Falconetti de um único filme aparece 
martirizada em nome de Deus por vontade dos homens, as extraordinárias 
mulheres de Bergman, Dietrich enquanto paixão desenhada pela luz de Von 
Sternberg. E claro, aquela imagem de horror desmedido da mulher que 
perdeu o filho no Potenkim fixando a exigência da revolta para a eternidade. 
Pois bem, se o fascínio existe perante os rostos de tão extraordinárias 
personagens e da arte suprema que, tal como os deuses, pode conferir a 
aura do mito aos semi-deuses que ela própria criou, nem por isso, por esta 
vez, será esse o nosso percurso. O rosto aqui será encarado no contexto de 
um universo de possibilidades combinatórias atravessando transversalmente 
a fotografia, o cinema, o teatro e até as artes digitais, mas não deixando por 
isso de ser a parte  daquela pequena esfera em cuja região frontal ganham 
expressão as metamorfoses reveladoras da infinita gama de emoções 
temporalmente contidas numa escala situada entre a vida e a morte, tendo 
como suporte, é certo, um tronco com braços e mãos, e pernas, afinal, 
também ele expressivo, flexível e significante.  Nesta sexta edição do Ciclo 
de Fotografia e Cinema Documental “Imagens do Real Imaginado”, que não é 
um festival, mas antes um fórum de reflexão e um espaço lúdico de atracção 
onde convergem estudantes, artistas, professores e público em geral, há, 
como sempre, um projecto pedagógico, bem como a possibilidade  de 
empreender derivas criativas em função da imaginação e dos interesses de 
cada um. Dois exemplos: seguir a par e passo a integral das curtas 
metragens de Agnés Varda, que se mostra pela primeira vez em Portugal ou 
observar as transformações fisionómicas de Klaus Kinsky através de um 
conjunto de filmes de Werner Herzog os quais permitem ilustrar o trabalho do 
actor ou do rosto do actor. Juntem-se articuladamente as masterclasses, 
filmes, exposições, performances e filmes-concerto e compreender-se-á 
melhor o sentido deste ciclo, bem como a urgência de dar a ver ao mundo um 
real imaginado. 

Jorge Campos

2 NOV. SEGUNDA 
BMAG 
14.30 – 15.30 h 
Masterclass de Rita Castro Neves 
Expôr fotografias 
Visionando exemplos práticos – de Richard Avedon a Wolgang Tillmans - analisaremos 
diferentes soluções de montagem de exposições fotográficas para diferentes projectos e 
diferentes mensagens. Condicionamentos conceptuais, espaciais, atmosféricos e 
orçamentais, bem como escala, ritmo, ambiente, dramaturgia, encenação e iluminação serão 
analisados enquanto elementos a atentar na recepção e na produção de uma exposição 
fotográfica. Os conceitos de white cube, black box, espaço alternativo, land art, arte pública, 
site-specific e instalação ajudar-nos-ão a compreender - também historicamente - as 
possibilidades em causa e as soluções contemporâneas. 

Rita Castro Neves (1971). Vive e trabalha no Porto. Acabou o Curso Avançado de 
Fotografia do Ar.Co (Lisboa) em 1995 e o Master in Fine Art da Slade School of Fine Art 
(Londres) em 1998, tendo desde então exposto regularmente em Portugal e no estrangeiro, 
tanto em espaços estabelecidos (Museu de Arte Moderna da Bahia, Brasil, Spike Island, 
Bristol, The Courtauld Institute of Art, Londres, Museu de Arte Contemporânea de Serralves, 
Porto) como em locais ditos não convencionais (escola primária, apartamento alugado, casa 
de banho pública, loja de discos, montra de um restaurante). Desenvolve projectos de 
curadoria em artes plásticas e na área da Live Art, de onde destaca o TRAMA - Festival de 
Artes Performativas. É professora de fotografia e vídeo em várias instituições. 
www.ritacastroneves.com

2 NOV. SEGUNDA 
BMAG 
16.00 – 17.45 h 
Masterclass de Pedro Sena Nunes 
A Paisagem e o Rosto, O Rosto e a Paisagem 
O que pode e aguenta um rosto? O meu cinema é muitas vezes o cinema do rosto do outro 
que por sua vez se torna no meu, vivemos numa relação de espelhos e reflexões que nos 
fazem produzir imagens profundas e celebrativas da vida. Acontece tudo em simultâneo. Há 
rostos que não se filmam e há rostos que contam histórias depois de filmados. No meu 
cinema interessam-me as pessoas que me permitem ter tempo para as olhar e filmar. 
Procuro o tempo da memória. Lembro-me de algumas personagens que criei e outras que 
vivi. É difícil ficar quieto, e lembrar. Lanço-me num espaço de exploração, pessoal, com um 
desafio imenso. Raramente se sabe quando as coisas começam e acabam. Estou mais 
habituado a contar histórias com os rostos dos outros.

Filmes: 
Fragments between time and angels de Pedro Sena Nunes (1997, 52'
video) 
Quem vê uma coisa, só a vê uma vez. Este é o resultado de uma residência artística 
centrada no confronto com o desconhecido. Este documentário trata os temas da morte e do 
nascimento através de um conjunto de retratos fílmicos construídos em torno da experiência 
do olhar e do tempo. Este é um trabalho de partilha com as pessoas que conheci ao longo 
dos 4 meses em Glasgow e é um filme sobre a invisibilidade. Ninguém faz filmes de olhos 
abertos, todos os vêem no escuro. 
Impressões do 3º dia em Glasgow de Pedro Sena Nunes (1997, 10ʼ, 
video) 

Pedro Sena Nunes. Realizador, Produtor, Fotógrafo, Viajante e três vezes Pai, nasceu 
em Lisboa a 18 de Maio de 1968. Terminou o Curso de Cinema em 1992 na Escola Superior 
Teatro e Cinema, depois de frequentar Engenharia de Máquinas no Instituto de Engenharia
de Lisboa em 1989. Co-fundou a Companhia Teatro Meridional, na qual é responsável pela 
área audiovisual. Entre Barcelona, Lyon, Sitges, Budapeste, Lisboa e Florença participou em 
cursos e workshops de cinema, fotografia, vídeo, teatro e escrita criativa. Realizou 
documentários, ficções e trabalhos experimentais em cinema e vídeo e produziu mais de 100 
spots publicitários para a televisão e rádio. Foi bolseiro de várias instituições – Gulbenkian, 
Universidade de Ciências Lisboa, Pépenières, Visions. Regularmente colabora com 
coreógrafos, encenadores, artistas plásticos, actores, designers, escritores, músicos e 
arquitectos. Foi fundador da Avanti.pt, Apordoc e Associação Portuguesa de Realizadores e 
é consultor artístico da Associação VoʼArte e de outras associações e projectos artísticos 
pontuais. Nos últimos 14 anos tem-se dedicado simultaneamente à área da pedagogia, 
criando e dirigindo laboratórios dedicados à criação e à experimentação, tanto documental, 
como ficcional. Foi Director Criativo e Pedagógico da ETIC. No seu extenso currículo, conta 
com vários prémios e distinções nas áreas de fotografia, vídeo e cinema.

2 NOV. SEGUNDA 
BMAG 
18.15 – 20.00 h 
Sessão de abertura 
Intervenções: DAI / ESMAE / IPP, Alliance Française, Goethe Institut, CPF – 
Centro Português de Fotografia, University of Wales 
Produções de fotografia e vídeo do mestrado em Fotografia e Cinema 
Documental 
Apresentação de Olívia Silva 
Introdução à retrospectiva de curtas metragens de Agnés Varda por 
Floréal Peleato 
Filmes: 
Curtas “Turísticas” de Agnés Varda 
Ô Saisons, Ô Chateaux (1957) - 21ʼ00ʼʼ, video 
Plaisir dʼamour en Iran (1976, 6ʼ00ʼʼ, video 
Du côté de la cote (1958, 26ʼ00ʼʼ, video)

2 NOV. SEGUNDA 
PASSOS MANUEL 
21.45 h 
Os cineastas e os seus filmes 
Pedro Sena Nunes 
filme: 
A Morte do Cinema (2002, 30ʼ, video) 
Murmúrios do tempo – performance 25ʼ 
Dânia Lucas e Paulo Martins

3 NOV. TERÇA 
BMAG 
14.15 - 15.30 h 
Masterclass de Mark Durden 
Dorothea Lange  in 1936; by Paul S. Taylor 
This is America: documentary photography of the 1930s and 1940s 
Mark Durden will discuss a major exhibition of 250 Farm Security Administration and related 
documentary photographs he curated for  The Lowry in Salford, UK, 2003/4.  The exhibition 
included a diverse range of iconic and lesser-known photographs by Dorothea Lange, Walker 
Evans, Gordon Parks, Margaret Bourke-White, Marion Post Wolcott, Russell Lee, Arthur 
Rothstein and Ben Shahn. One key theme of the show concerned the way a number of these 
photographers critically exposed the racism of American culture. Parks's portrait of the black 
cleaner, Ella Watson, posed against the Stars and Stripes, was the provocative focal point of 
the show and the counterpoint to Lange's more well-known Migrant Mother. The exhibition 
also introduced the less familiar FSA colour work of Post Wolcott and Russell Lee. 

Mark Durden 
Mark Durden is Professor in Photography at Newport School of Art, Media and Design, 
University of Wales, UK.  He has published over a hundred reviews and articles on 
contemporary art and photography. He wrote the essay for Daniel Blaufuksʼ show at Solar,
May/June 2009.  His most recent book, co-authored with David Campbell, Variable Capital, 
considers the relationship between art and consumer culture and was published by Liverpool 
University Press in 2007.  He curated a major show of FSA photography, ʻThis is Americaʼ, for 
the Lowry, Salford, UK in 2004/5 and was the author of the book on Dorothea Lange for the 
Phaidon 55 series in 2002. 

15.45 – 17.00 h 
Masterclass de Floréal Peleato 
O Rosto no Cinema 
Floréal Peleato. Auteur de deux scénarios de long-métrage de fiction (lʼun sélectionné par le 
biais du concours organisé par la Casa de América puis par le programme européen 
Equinoxe, lʼautre sélectionné dans le cadre du programme européen Mediscript), dʼun recueil 
de nouvelles (Prix Rafael González Castell 2008), dʼun roman récemment terminé, de trois 
courts-métrages de fiction, dʼun scénario de film documentaire en phase de développement. 
Par ailleurs, animateur dʼateliers dʼécriture de scénario (Colombie, Pérou, Panama, Bolivie, 
Espagne), de cours concernant le cinéma et collaborateur de la revue de cinéma Positif. 
Auteur des courts-métrages La península (1994), Tierra Saguache (1995) et Knock Out 
(1998). 

17.15 - 18.15 h 
Curtas “Cinevardaphoto” de Agnés Varda 
Apresentação de Floréal Peleato 
Filmes: 
Ydessa, les ours et etc. (2004, 
43ʼ00, video)
Curtas “LʼEssai” de Agnés Varda 
7 P., cuis, s. de b. (1984, 27ʼ00ʼʼ, video) 

18.30 - 19.45 h 
Escolas: 
Escola Superior Artística do Porto 
Apresentação de Manuel Costa e Silva 

3 NOV. TERÇA 
PASSOS MANUEL 
21.45 h 
Os cineastas e os seus filmes 
Floréal Peleato 
Filme: 
La Mano Azul (2009, 75ʼ, vídeo) 
La main bleue décrit le processus de création du peintre Mathieu Sodore, qui réside à 
Lisbonne, pendant quʼil réalise une série de tableaux de grands formats, La música callada 
del cantaor, inspirée par des palos flamencos –types de chants flamencos – et qui montrent 
partiellement des visages. Il sʼagit de capter ses sentiments, pensées, doutes et impulsions à 
partir du premier trait qui couvre la toile blanche jusquʼau moment de la signature. Il est 
également important de montrer que la peinture est un art visuel certes mais aussi sonore et 
tactile. De plus, peu à peu nous découvrons jusquʼà quel point lʼatelier est pour le peintre sa 
cellule, sa caverne et son temple et que le temps ne sʼy écoule pas comme ailleurs. Dʼautre 
part le film montre comment le peintre dans sa vie quotidienne ne cesse dʼêtre habité par 
lʼoeuvre en devenir tandis que sa voix nous propose une réflexion sur lʼart et la peinture ainsi 
quʼune approche de ce quʼest lʼart du portrait.

4 NOV. QUARTA 
BMAG 
14.15 – 15.15 h 
Masterclass de Olívia Silva 
Imortalidades 
O que representa um rosto? Como retratamos e interpretamos um rosto? Que relação 
podemos estabelecer entre o rosto e identidade? Um rosto pode ter várias identidades? 
Trabalho realizado pelo o fotógrafo Walter Schels e a jornalista Beate Lakotta que 
acompanharam 24 doentes terminais nos últimos momentos de vida, no âmbito da AMARA - 
Associação pela Dignidade na Vida e na Morte. A reportagem foi publicada em 2003 e 
obteve vários prémios para os autores, inclusivo um 2º Lugar de World Press Photo em 
2004. 

Olívia da Silva 
Doutorada em Fotografia pela Faculdade de Arte e Design da Universidade de Derby, no 
Reino Unido, Olívia Da Silva é Directora do Departamento das Artes da Imagem, da Escola 
Superior de Música , das Artes e do Espectáculo do Politécnico do Porto e Coordenadora do 
Mestrado de Comunicação Audiovisual com Especializações em Fotografia e Cinema 
Documental e Produção e Realização Audiovisual. Expõe regularmente em Portugal e no 
estrangeiro. Entre os seus projectos fotográficos de retrato contam-se ʻ8/2ʼ sobre as(os) 
vendedoras (es) do Bolhão, Bom Sucesso, Victoria Market Hall, Bristol Market; ʻCabbage 
and Kingsʼ no Mercado de Municipal de Braga; ʻTrace and Memoryʼ no Mercado de Niort 
em França; ʻIn the net ʻsobre Comunidades Piscatórias de Grimsby e de Matosinhos; ʻSem 
Luvasʼcrianças com defice de comunicação; ʻMemórias de Nósʼo método SUZUKI – 
Projecto a Pauta com 22 crianças ;ʼQuatro Olhares sobre a Moagem Harmoniaʼ - Museu 
da Ciência e Indústria, ex – funcionários do museu ʻVai à Janelaʼ, ex-funcionários dos 
STCP;ʼMozart no Bairroʼ- quarteto musical;  ʻMoinhos do Tempoʼhabitantes da aldeia de 
Soito da Ruiva em Arganil; ʻ3 Formas de Verʼ sobre o Hospital de S. João, Série da 
Colecção ʻPresente na Cerimóniaʼ, ʻSérgio Machado dos Santosʼ , Série da Colecção 
ʻPresente na Cerimónia, Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho, entre 
outros. É autora e co-autora de obras de investigação sobre Representação Fotográfica e 
Identidades Pessoais. Desenvolve actualmente um projecto académico ʻIn & Out ʻ de pós – 
doutoramento no Departamento de Investigação de Newport, Reino Unido e em Portugal.

15.30 – 16.15 h 
Masterclass de John Goto 
Sidney Bechet, Royal Philharmonic Hall, 1919 
WEST END BLUES series, Jazz Migrants in London, 1919-74 
The face: the silhouette and the deathmask 
John Goto will explore two pre-photographic forms used to represent the face: the silhoette 
and the deathmask. Both had a degree of mechanised production which produced highly 
accurate renditions, and both were associated with popular culture. They might be said to 
prefigure the photographic portrait and these connections will be explored along with the 
historical background of each process. The use by artists and writers in the twentieth century 
of the enigmatic death mask known as LʼInconnue de la Seine will be recounted. Goto will 
also show a work he made in response to the mask. Similarly he wil show his own West End 
Blues series, wich uses silhoettes to memorialise jazz musicians who worked in Londonʼs 
West End between 1919-74, and suggests links between some pre and post photographic 
practices. 

John Goto is recognized internationally for his work in the field of photo-digital art. Since 
1992 he has used digital technology to reflect on European history and contemporary social 
and political events. His interest is in story telling through pictures, and he considers himself 
variously as a contemporary history painter, and a folk artist.  In his talk Goto will consider the 
face as depicted in three pre-photographic conventions, and his creative response to these 
subjects. 
 Goto has had solo London exhibitions at Tate Britain, the National Portrait Gallery and the 
Photographersʼ Gallery, and has shown widely in Europe.  He is represented by galleries in 
Paris, Munich and Seoul and is currently Professor of Fine Art at the University of Derby.

16.30 – 17.45 h 
Curtas “Contestatárias” de Agnés Varda 
Apresentação de Regina Guimarães 
Regina Guimarães. Nasceu no Porto, em 1957. A par dos seus poemas, publicados em 
raras edições de natureza confidencial, tem desenvolvido trabalho na áreas do Teatro, da 
Tradução, da Canção, da Dramaturgia, da Educação pela Arte, da Crítica, do Vídeo. Foi 
docente da FLUP e na ESMAE. Orienta actualmente uma disciplina de Processos Narrativos 
na ESAD. Foi directora da revista de cinema A Grande Ilusão. É presidente da Associação 
Os Filhos de Lumière e programadora do ciclo O Sabor do Cinema. Integra o colectivo que, a 
par de outras actividades reflexão e criação, publica o jornal PREC. É co-fundadora do 
Centro Mário Dionísio. Com Ana Deus, fundou a banda Três Tristes Tigres, o colectivo Clube 
dos Nadadores de Inverno, e realizou inúmeras experiências em torno da palavra dita e 
cantada. Tem orientado oficinas de escrita e de iniciação ao cinema. Aspira a estar em todo 
o lugar onde haja uma luta justa a travar. Vive e trabalha com Saguenail desde 1975. 
Hélastre é o signo da sua obra comum. 

Filmes: 
Oncle Yanco (1967, 18ʼ00”, video) 
Black Panthers (1968, 27ʼ00, video) 
Réponse de Femmes (1975,8ʼ00ʼʼ, video)

18.00 - 20.00 h 
Filme: 
Nosferatu de Werner Herzog, (1979, 107ʼ, vídeo) 
Apresentação de Jorge Campos 
Jorge Campos. Doutorado em Ciências da Comunicação pela Universidade de Santiago 
de Compostela é docente do Curso de Tecnologia da Comunicação Audiovisual da Escola 
Superior de Música, Artes e Espectáculo (ESMAE) do Instituto Politécnico do Porto. Integra o 
Departamento de Artes da Imagem sendo responsável pela área científica de Estudos 
Visuais, co-coordenador do Mestrado em Comunicação Audiovisual na especialização de 
Fotografia e Cinema Documental e director do Laboratório Multimédia. Jornalista, 
documentarista e programador cultural tem colaboração dispersa sobre Cinema, Televisão e 
Politicas Culturais em diversas publicações. É o Programador do Ciclo de Fotografia e 
Cinema Documental “Imagens do Real Imaginado” que conta com o apoio do Instituto de 
Cinema e Audiovisual (ICA), Universidade de Newport, Alliance Française e Goethe Institut. 
O Ciclo, aberto ao público, faz parte do plano curricular quer do Mestrado em Comunicação 
Audiovisual, quer dos Cursos de Tecnologia da Comunicação Audiovisual e de Tecnologia 
da Comunicação Multimédia da ESMAE. Especialista em Cinema Documental e jornalista da 
RTP durante 25 anos – com experiência também de Rádio e Imprensa – realizou numerosos 
documentários, alguns dos quais premiados ou distinguidos. Foi o responsável pela 
“Odisseia nas Imagens”, Programação de Cinema, Audiovisual e Multimédia do Porto 2001 – 
Capital Europeia da Cultura. Participa com frequência em júris do ICA e de festivais de 
cinema.

4 NOV. QUARTA 
PASSOS MANUEL 
21.45 h 
Os cineastas e os seus filmes 
Masterclass de Florence Ayisi 
Representing New Images of Africa 
Filme: 
Zanzibar Soccer Queens de Florence Ayisi, (2007, 52ʼ, video) 
Zanzibar Soccer Queens is a provocative portrait of Woman Fighters, a team of predominantly 
Muslim women in Zanzibar. Their individual stories of aspirations, shattered dreams, friendship, 
sisterhood and self-determination reveal a community of strong-willed African women 
determined to better their lives and define new identities through playing football.  Their passion 
for football is passion for life and the freedom of self-expression. For these women, playing 
football is a catalyst for personal change, and a chance to discover the world beyond the 
confined boundaries of how a woman should be.  http://www.zanzibarsoccerqueens.com 
Florence Ayisi is a Cameroonian filmmaker and university lecturer. Her teaching and 
research interests include documentary film, alternative representations of Africa, 
Ethnographic Film, editing aesthetics, and how womenʼs work and visions drive social and 
economic development. Currently Reader in Film Practice at the University of Wales, 
Newport, Florenceʼs films present rare insights into womenʼs experiences, particularly in 
Africa. Her first feature documentary was the multi award-winning Sisters in Law, (2005, co- 
directed with Kim Longinotto), and she recently completed another feature documentary, 
Zanzibar Soccer Queens, through her company Iris Films (UK/Cameroon).

5 NOV. QUINTA 
BMAG 
14.15h – 15.30 h 
Masterclass de Anna Fox 
Pictures of linda lunus series (1983 – present ) 
The Performing Portrait 
Apresentação de Adriana Baptista 
Anna Fox will discuss the relationship between photographer and subject through looking at 
four specific bodies of work that she has made over the last 15 years. Starting with Zwarte 
Piet, a work largely created on the street and working through to the ongoing series Pictures 
of Linda where the model  (Linda Lunus) actively collaborates with the Photographer Fox will 
explore the space between photographer and subject looking the role performance plays 
within the construction of the photographic portrait. Fox will also discuss the projects Country 
Girls (a collaboration with Alison Goldfrapp) and Back to the Village looking at how these 
bodies of work employ the notion of theatre and staging, in very different ways, to frame the 
stories she intends to tell. 

Anna Fox. Born in 1961 and completing her degree in Audio Visual studies at The West 
Surrey College of Art and Design in 1986, Anna Fox has been working in photography and 
video for  twenty -five years. Influenced by British documentary tradition and US ʻNew 
Colouristsʼ her first work Workstations (published by and exhibited first at Camerawork,
London 1988) observed with a critical eye London office culture in the mid Thatcher years. 
Later work documenting weekend wargames, Friendly Fire, was exhibited in the exhibition 
Warworks at the Victoria & Albert Museum, the Netherlands Foto Instituut and the Canadian 
Museum of Contemporary Photography. Her solo shows have been seen at The 
Photographerʼs Gallery, London, The Museum of Contemporary Photography, Chicago and 
her work has been included in numerous international group shows- Through the Looking 
Glass, Documentary Dilemmas and New Natural History amongst others. She has had 
several monographs of her work published (see below) and the first retrospective show of her 
work, Cockroach Diary and other Stories, opened at Impressions Gallery in summer 2008. 
Annaʼs work has recently been shown in From Tarzan to Rambo at Tate Modern; Centre of 
the Creative Universe: Liverpool and the Avant Garde at Tate Liverpool and How We 
Are: Photographing Britain at Tate Britain. Anna Fox is Professor of Photography at The 
University College for the Creative Arts at Farnham and has co-written (with Dr Deepak John 
Mathews) the first Masters level photography course in India for the National Institute of 
Design in Ahmedabad. 

16.15 – 17.45 h 
Curtas “Cinevardaphoto” de Agnés Varda 
apresentação de Regina Guimarães 
Filmes: 
Ulysse (1982, 21ʼ00ʼʼ, video)
Salut Les Cubains (1962-1963, 28ʼ00ʼʼ, video) 
Une minute pour une image  de Agnés Varda 
14 filmes de 1ʼ20ʼʼ sobre Nurith Aviv, Joan Fontcuberta, Marc Garanger, 
Gladys, Bob Gould, Bill Greene, Liliane de Kermadec, Jacques- Henri 
Lartigue, Gérard Marot, André Martin, Marc Riboud, Eugene W. Smith, Jenny 
De Vasson e Jean Pasquet (1983, 26ʼ00ʼʼ, video) 
18.00 – 19.15 h 
Escolas: 
International Film School of Wales (Newport) 
Apresentação de Florence Ayisi 

5 NOV. QUINTA 
PASSOS MANUEL 
21.45 h 
Os cineastas e os seus filmes 
masterclass de Carina Rafael 
Borderland 
A beleza “não é senão o começo do horror que ainda somos capazes de tolerar.” (Donald 
Meltezer). 
Esta sessão intitula-se “Borderland”, termo que Amaral Dias utiliza para descrever os 
estados limite na psicopatologia. Esta apresentação não é uma reflexão sobre psicopatologia 
mas antes uma consideração sobre a relação entre psicopatologia, pop culture e arte. O
vídeo learn baby learn apresenta uma realidade desorientadora, uma viagem  ao mundo 
subterrâneo e obscuro do inconsciente. Na minha opinião, este trabalho espelha no 
espectador um determinado fragmento do seu próprio mundo interno. A relação entre a 
loucura e a arte sempre foi estreita pela aparente liberdade que ambas exprimem ou 
partilham. No entanto o artista não é um louco. Segundo Freud, o verdadeiro artista é aquele 
que consegue transpor o seu mundo interno para a realidade física ou muscular, e assim 
renunciar ao desejo imediato de obtenção de prazer. O artista “louco” perdeu a capacidade 
criativa e transformativa, a sua função alfa (Bion),  capacidade de pensar a realidade. Aqui 
tudo é acção ou enactment, vivido à flor da pele, nada se liga e nada se inscreve. Deambula- 
se vertiginosamente entre as posições  esquizoparanóide e maníaca. Os refrões da pop, 
media e new age culture assumem um papel preponderante na formação individual dos 
protagonistas. Make your choice listen to your own voice dá-nos uma “lição” para 
apreendermos aquilo a que habitualmente fugimos,   a vertigem da loucura. Este trabalho é 
uma Folie à plusiers, que se propaga das protagonistas para o espectador. O terminar com o 
sofrimento, com o conflito, e com a angústia da consciência de existir, transporta-nos para 
uma fronteira, um não lugar, uma borderland. 

Carina Rafael. Nasceu em Paris em 1979. Licenciatura em Bela Artes /Escultura na 
Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (1997/02); MA Fine Arts – Sculpture, 
Wimbledon School of Art, Londres (2003/04); MSc Art Therapy, Queen Margaret University, 
Edimburgo (2005/07). Frequenta a especialização em Psicoterapia Psicodinâmica na SPPC. 
Como artista plástica e arte terapeuta, o seu trabalho explora as relações entre o processo 
artístico e a psicanálise. Vive e trabalha no Porto. 
Filme: 
Learn baby learn  (2009 5ʼ, vídeo) de Carina Rafael 
Filme: 
Woyzeck, o Soldado Atraiçoado de Werner Herzog (1979, 82ʼ, video) 
Apresentação de Jorge Campos

6 NOV. SEXTA 
BMAG 
14.15 – 16.45 h 
O meu melhor inimigo de Werner Herzog, (1999, 95ʼ, video) 
Apresentação de Jorge Campos 
17.15 - 18.15 h 
Masterclass de António Durães 
O actor e o rosto 
Quando o actor é o rosto; 
Quando o rosto do actor revela o rasto que o faz chegar àquele rosto; 
Quando o rasto que ilumina o rosto do actor, deixa revelado o tanto resto do edifício do actor. 
António Durães. Nasceu na Figueira da Foz, em 1961. Frequentou o curso da Escola de 
Formação Teatral do Centro Cultural de Évora. É actor (profissionalmente) desde 1984. Tem 
encenado regularmente desde 92 e é, a partir de 2000, professor de Teatro na ESMAE. Tem 
trabalhado, entre outros, com os encenadores Luís Varela, José Valentim Lemos, Mário 
Barradas, Rui Madeira, António Fonseca, José Ananias, Mark Donford-May, José 
Wallenstein, Jorge Silva Melo, Paulo Castro, Ricardo Pais, Nuno Carinhas, Giorgio Barberio 
Corsetti, José Carretas, Nuno M. Cardoso, João Pedro Vaz, Adriano Luz, Carlos Pimenta e 
Fernando Mora Ramos. Dos espectáculos mais recentes em que participou (interpretou ou 
encenou), destacam-se O MERCADOR DE VENEZA, de W. Shakespeare, (encenação de 
Ricardo Pais, TNSJ), LETRA M, de Saaz/João Vieira (encenação de Fernando Mora Ramos, 
TR); e a encenação do espectáculo MALDOROR, com os Mão Morta. 

18.30 – 19.45h 
Escolas: 
Cursos TCAV e TCM, do Departamento de Artes da Imagem da ESMAE 
Apresentação de José Quinta Ferreira

6 NOV. SEXTA 
PASSOS MANUEL 
22.00 h 
As Curtas “Parisienses” de Agnés Varda 
Apresentação de António Roma Torres 
António Roma Torres. Nasceu no Porto. _Licenciado em Medicina pela Faculdade de 
Medicina do Porto, é psiquiatra, com experiência em Terapia Familiar e Psicodrama. 
Presentemente é Director do Serviço de Psiquiatria do Hospital de S. João 
(Porto)._Escreveu crítica de cinema regular no 'Jornal de Notícias' (Porto) entre 1975 e 2001. 
Colaboração episódica sobre cinema noutros orgãos de informação, nomeadamente num 
período no programa da manhã da RTP1. Co-fundador e colaborador da revista de cinema 'A 
Grande Ilusão'._Cineclubista com colaboração no Cineclube da Boavista, Cineclube do 
Norte e Cineclube do Porto (a cujos corpos gerentes pertenceu)._É autor de 'Cinema 
Português, Ano Gulbenkian' (1974) e de 'Cinema, Arte e Ideologia' , antologia 
(1975)._Pertenceu por diversas vezes aos júris de atribuição de subsídios à produção 
cinematográfica._Integrou a Comissão Nacional da Comemoração do Centenário do Cinema, 
presidida pelo Dr. Bénard da Costa, e o Conselho Consultivo da Porto 2001, Capital 
Europeia da Cultura._ 
filmes: 
Les Dites Cariatides (1984, 12ʼ00ʼ, video) 
LʼÓpera – Mouffe (1958,16ʼ00ʼʼ, video) 
Elsa la Rose (1965, 20ʼ00ʼʼ, video) 
Le Lion Volatil (2003, 11ʼ00ʼʼ, video) 
Tʼas de beaux escaliers, tu sais (1986, 3ʼ00ʼʼ, video) 
Les Fiancés du Pont Mac Donald (1961, 5ʼ00ʼʼ, video)
Filme concerto pelo Ensemble 343 sob direcção de Filipe Lopes 
O gabinete do dr. Caligari (1920) de Robert Wiene 
Filipe Lopes. Nasceu no Porto em 1981. Em 2003 finaliza a licenciatura em Professor do 
Ensino Básico, variante Educação Musical na Escola Superior de Educação do Porto. No 
mesmo ano ingressa na Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo do Porto no 
curso de Composição concluindo o bacharelato em 2007. Em 2006 vence o Prémio 
Black&White Melhor Áudio Experimental com a peca “BlackandDekker” e em 2007 foi 
compositor residente na Miso Music Portugal (LEC). Em 2009 terminou o mestrado em 
Sonologia no Instituto de Sonologia, trabalhando com Paul Berg, Kees Tazelaar e Joel Ryan 
entre outros. Desde 2007 que desenvolve trabalho no Serviço Educativo da Casa da Música, 
pertencendo ao Factor E e desde o ano lectivo 2009/2010 é professor de música electrónica 
na Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo. 
Mais informação em www.filipelopes.net

Estarão em exibição no auditório da Biblioteca 
Municipal Almeida Garrett de 2 a 6 de Novembro: 
_ A exposição Murmúrios do tempo, co-produção entre o Centro Português 
de Fotografia  e o Silo, Espaço Cultural do Norteshopping. 
_ A instalação multimédia As Metamorfoses do Rosto, 
dos alunos do Curso de Comunicação da Tecnologia Multimédia do DAI / 
ESMAE / IPP. 
_ 25 Frames ≠ 1 Segundo (3ª Edição) 
Diaporama de Alunos do 2º ano do curso de Tecnologia da comunicação 
Audiovisual do DAI / ESMAE / IPP.

4 NOV. QUARTA 
09.00 – 12.30 h 
Visita guiada à exposição TALES FROM THE TROPHY ROOM 
de Common Culture (Mark Durden, Ian Brown e David Campbell) 
Solar, Galeria de Arte Cinemática em Vila do Conde 
Partida do IPP/Porto às 09.00 h
FICHA TÉCNICA 
DAI / ESMAE / IPP 
Coordenação_Olívia Silva           
Programação_Jorge Campos         
Produção_Cesário Alves      
         José Quinta Ferreira 
        Maria João Cortesão 
Formação_Manuel Taboada 
         Marco Conceição 
         Pedro Mouga 
         Cláudio Melo 
         Luis Ribeiro 
         João Leal 
Filme promocional_Nuno Tudela 
Comunicação_Sofia Lopes 
Design_Vítor Quelhas 
Secretariado_ Carla dias 
    Branca Santos 
Apoio técnico_António Gorgal  (Serviços de Fotografia / ESMAE) 
    Carlos Filipe (Serviços de Vídeo / ESMAE) 
Apoio produção_ João Paulo Gomes 
ALLIANCE FRANÇAISE 
Programação/produção_Bernard Despomadéres 
GOETHE-INSTITUT PORTUGAL NO PORTO 
Programação/produção_Thomas Kern
CPF - CENTRO PORTUGUÊS DE FOTOGRAFIA 
Produção de exposição e cedência de imagens 
SOLAR, GALERIA DE ARTE CINEMÁTICA, VILA DO CONDE 
Programação/produção_Dario Oliveira 
EUROPEAN CENTRE FOR PHOTOGRAPHIC RESEARCH (ECPR) 
UNIVERSITY OF WALES, NEWPORT 
Apoio à programação 
OPEN STUDIO RESEARCH CENTRE, UNIVERSITY OF DERBY, UK 
Apoio à programação 
INFORMAÇÕES 
www.dai.esmae.ipp.pt/ 
carladias@esmae-ipp.pt

Seminário com Jorge Campos na Universidade Portucalense

Sexta-feira, dia 2 de Julho de 2010, 14.30 – 20.00
VI Seminário Imagens da Cultura/ Cultura das Imagens Cinema
Seminário
Universidade Portucalense
Por: Jorge Campos, professor e investigador


I like Gods, I understand them

Lidar com o mundo também é trabalhar sobre as suas representações, sobre essa teia de sucessivas máscaras cujo reconhecimento autoriza a aproximação aos mecanismos que permitem operar a metamorfose do real em realidade. Deuses caprichosos como os da mitologia podiam usar e abusar dos seus poderes por forma a determinar o sentido do mundo e com ele o destino do homem sobre a Terra. Pois assim parecem ser as divindades de hoje armadas do poder de reproduzir à escala global um universo simbólico ajustado aos seus contraditórios desígnios e, por estupidez ou imprudência, capazes de desencadear forças incontroláveis. Sempre assim terá sido. Mas, quando a barbárie desvendou o horror do lado mais obscuro do rosto dos homens, houve sempre como que uma luz a prumo incidente sobre o outro lado desse mesmo rosto, a luz da cultura e da imaginação da qual se alimentam a coragem, a resistência e a cidadania. Disso direi então falando do poder – sem inocência, porque nestas coisas não há inocência – e de políticas culturais na convicção da necessidade de subverter modelos de intervenção que favorecem protagonismos sem espessura nem memória, perdidos no efémero de si mesmos, eventualmente no limiar do desastre. Este será um mosaico mais do domínio da efabulação e menos do domínio da ciência cuja certeza, de resto, também não é certa.

texto integral também na página de cinema documental


O QUE É O IRI?

O Ciclo de Fotografia e Cinema Documental Imagens do Real Imaginado é uma iniciativa dos Cursos de Tecnologia da Comunicação Audiovisual e de Tecnologia da Comunicação Multimédia da Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo do Instituto Politécnico do Porto que se realiza anualmente em Novembro. Vai agora entrar na sua 6ª edição denominada Rosto Transversal.

O Ciclo não se destina a competir com os festivais, é antes um fórum de reflexão sobre matérias que sendo do âmbito dos planos curriculares interessa igualmente ao público em geral numa perspectiva de abertura da escola à comunidade. Foi concebido em função de três eixos estratégicos:

- como forma de dar maior visibilidade ao Curso, estreitando os laços com o exterior e, em particular, com o meio profissional onde, aliás, tem tido grande aceitação, na perspectiva da adequação à Declaração de Bolonha;

- promover a internacionalização através de um número sempre crescente de parcerias e proporcionar aos estudantes o contacto directo com obras, artistas e especialistas cuja acessibilidade, de outro modo, seria praticamente impossível;

- lançar as bases de um Mestrado em Produção e Realização Audiovisual (já concretizado) e promover uma linha de formação de novos públicos em função da qual a iniciativa viesse a ter uma importância crescente no panorama cultural da cidade do Porto. 

Todos os objectivos têm vindo a ser integralmente cumpridos. Conta já entre os seus parceiros regulares com a Alliance Française, o Goethe Institut, a Universidade de Newport (UK), o Instituto de Cinema e Audiovisual e o Festival de Curtas Metragens de Vila do Conde. De ano para ano tem vindo a conquistar um número crescente de público, na sua maioria jovem. A última edição, cujo tema foi O Poder das Imagens, marcou oficialmente a abertura do Mestrado, serviu para fazer a ante estreia do documentário O Meu Coração Ficará no Porto sobre o dia 14 de Maio de 1958, data da célebre acção de campanha do General Humberto Delgado e deu a ver trabalhos em parceria com outras escolas do universo IPP no âmbito da criação e execução de partituras musicais especialmente concebidas para clássicos do cinema francês e alemão.

Todas as edições são programadas em função de um tema cuja abordagem se faz em termos da exibição comentada de filmes, fotografias, projectos multimédia e outras intervenções como sejam masterclasses, conferências e workshops. Há sempre um espaço para mostras de trabalhos de professores e estudantes dos Cursos, bem como de outras escolas portuguesas e sobretudo estrangeiras, no âmbito das relações internacionais entretanto estabelecidas. A designação para o ano em curso é Rosto Transversal e obedece a um conjunto de declinações que toma a centralidade do rosto como elemento de referência no contexto de uma abordagem transversal das artes.

Habitualmente, o Ciclo é programado uma vez feito o balanço da edição anterior pelas partes envolvidas e após a publicação dos materiais correspondentes, os quais cumprem, igualmente, uma função de divulgação. O balanço tem lugar em Janeiro, logo aí ficando acordado o tema da edição seguinte, bem como uma lista de possibilidades que é afinada em Março e Abril e concluída em finais de Maio, princípios de Junho.

Na 6ª edição do Ciclo de Fotografia e Cinema Documental Imagens do Real Imaginário – Rosto Transversal, cujo programa pode ser consultado em http://www.dai.esmae.ipp.pt há ainda a destacar, alem das parcerias já mencionadas, a presença do CPF (Centro Português de Fotografia) e do European Centre of Photgraphic Research (eCRP), University of Wales, sublinha-se ainda a estreia em Portugal de quatro novos documentários: La Mano Azul de Floreal Peleato, Zanzibar Soccer Queens de Florence Aysi, Há Procura de um Fado de Jorge Campos e Learn Baby Learn de Carina Rafael que acaba de obter o primeiro prémio no concurso de cinema realizado no âmbito das instituições nacionais que prestam cuidados de saúde mental.





Jorge Campos integra o Comité Técnico-Científico do I Seminário História de Roteiristas
26.10.2009 in AtividadesVários by Vitor Quelhas | Permalink

Jorge-Campos
Jorge Campos integra o Comité Técnico-Científico do I Seminário História de Roteiristas: Novo Paradigma do Cinema Brasileiro que principia em São Paulo no próximo fim de semana. O seminário é promovido pela Universidade Presbiteriana McKenzie e reune dezenas de especialistas de diversas partes do mundo. O docente do DAI participa com uma comunicação intitulada Regresso ao Real Imaginado. O texto da comunicação pode ser lido em PDF.

Lançamento DVD: O Meu Coração Ficará no Porto

Exibição do documentário “O Meu Coração Ficará no Porto”, de Jorge Campos, no âmbito das comemorações do Centenário da República, no Teatro Nacional São João, no dia 4 de Outubro, às 21h30.
Quem desejar assistir deverá levantar um convite, no próprio Teatro Nacional São João, no dia 4 de Outubro a partir das 14h.
No dia 5 de Outubro o Jornal de notícias irá distribuir, na sua edição especial de 5 de Outubro, o DVD com o documentário realizado por Jorge Campos, produzido pelo Instituto Politécnico do Porto e pelo Governo Civil do Porto.
título O Meu Coração Ficará no Porto
realização Jorge Campos
produção Instituto Politécnico do Porto e Governo Civil do Porto, com a colaboração deprofessores e alunos do Departamento de Artes e Imagem da ESMAE.IPP
organização Instituto Politécnico do Porto, Governo Civil do Porto, TNSJ
duração 52’
classificação etária M/6 anos

 

Ciclo de Fotografia e Cinema Documental

Imagens do Real Imaginado – 5ª edição

O Poder das Imagens

3 a 7 de Novembro de 2008
Auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett


Uma Programação do Departamento de Fotografia, Cinema, Audiovisual e Multimédia da ESMAE com o apoio da Alliance Française e do Goethe Institut no âmbito do Projecto Elysée
O Project Elysée resulta de uma parceria franco-alemã para efeito da organização de actividades culturais a desenvolver em países terceiros. Criado por ocasião do 40.° Aniversário do Tratado de Elysée pelos Ministérios das Relações Exteriores da Alemanha e da França tem por objectivo promover a visibilidade de ambos os países. O Project Elysée requer a colaboração de parceiros locais reconhecidamente qualificados, numa perspectiva de interacção criativa, por forma a tirar partido de sinergias existentes e garantir o sucesso das iniciativas programadas.

A propósito de O Poder das Imagens

Esta é a 5ª edição do ciclo de Fotografia e Cinema Documental Imagens do Real Imaginado. Desta vez escrutinamos O Poder das Imagens. Reportamos fundamentalmente à fotografia e ao cinema documental, mas não enjeitamos incursões noutros territórios. Tratando-se essencialmente de um programa escolar que, neste caso, foi pensado como plataforma inaugural do mestrado profissionalizante em Comunicação Audiovisual da Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo, é natural que haja, como sempre tem acontecido, uma preocupação de rigor na abordagem das matérias e na qualidade dos intervenientes por forma a cumprir dois objectivos: reforçar a ligação da escola ao meio profissional proporcionando aos estudantes um contacto directo com autores, investigadores e obras fundamentais; prosseguir uma estratégia de criação de novos públicos associada à criação de circuitos alternativos com reflexos, a prazo, no aparecimento de novos criadores. Este é um trabalho de perseverança, cujos resultados são já visíveis, nomeadamente nos prémios nacionais e internacionais que ano após ano os nossos alunos e ex-alunos vêm obtendo, bem como no reconhecimento que decorre dos convites para efeito de participação em numerosas iniciativas. Mas, este é um trabalho feito também a pensar no público em geral. Não faria sentido ter Manoel de Oliveira, Fernando Lopes, José Luis Guérin, Mark Durden, Mercedes Alvarez, Mike Hoolboom, Helmut Färber, Rahul Roy, Gerard Colas, Georges Dussaud e tantos outros convidados de edições anteriores e encerrá-los num conclave meramente académico. Não há escola, aliás, sem abertura para a vida nem espaço para a imaginação. Este ano, o Ciclo propõe-se interpelar as imagens no contexto das representações e narrativas sobre o mundo. Não é uma questão menor. Concreta e não geral como o termo linguístico, a imagem comunica todo um conjunto de emoções e significados como que obrigando a captar instantaneamente um todo sensorial indiviso. Então, como lidar com ela, agora, no mundo das propagandas silenciosas e das máquinas censurantes? Fazendo das suas narrativas um convite à reflexão ou sucumbindo, talvez com deleite, ao fascínio e à hipnose? Hipóteses a considerar, entre outras, em O Poder das Imagens.

                                                                                                             
                                                                                                                       Jorge Campos

 Dia 3

14.00 BMAG

Apresentação do ciclo por Jorge Campos

Las Hurdes (1932) de Luis Buñuel



14.45 BMAG

Masterclass de Christian Milovanoff

Christian Milovanoff é diplomado em Sociologia e em etnografia pela Universidade d’Aix en Provence e em estudos de Arte pela Universidade de Urbino, na Itália. Professor na École Nationale de Photographie d’Arles é autor de vários estudos sobre fotografia, como “As fotografias de Claude Levi-Strauss”, e cinema, nomeadamente sobre as obras dos cineastas Johan van der Keuken e Frederick Wiseman. Foi convidado por duas vezes, entre 1981 e 1986 e 2007-2008, pelo Musée du Louvre para realizar trabalhos de fotografia a partir das obras do Museu que ali foram apresentados. Tem realizado inúmeras exposições na Europa e nos Estados Unidos.

O Poder das Imagens  
Sinopse:

Desde o momento em que foi reconhecida oficialmente a fotografia apresentou-se como instrumento de identificação e apropriação da identidade, isso é instrumento de existência satisfazendo o desejo da representaço de si e do outro. Assim, com a fotografia e o cinema vai se desenhar um território onde as tecnologias do poder actuam para o melhor e o pior.

16.15 BMAG

Masterclass de Val Williams 

Val Williams é professora da University of the Arts London onde dirige o Centro de Investigação “Photography and the Archive”. Editora do livro: Martin Parr: Photographic Works, publicado pela Phaidon Press em 2002 e comissária da exposição: Martin Parr: Photographic Works 1970 - 2002 da Barbican Art Gallery e do National Museum of Photography Film and TV.



Martin Parr: Photographic Works  

18.15 BMAG

Abertura oficial


Alliance Française, Goethe Institut, Governo Civil do Porto, Câmara Municipal do Porto, ICA, IPP, ESMAE, ESE, TCAV/TCM, Agência de Curtas Metragens de Vila do Conde


Estreia do filme
“O meu coração ficará no Porto” 
Documentário sobre a visita ao Porto do general Humberto Delgado durante a campanha eleitoral para a Presidência da República de 1958 que resulta de um acordo de cooperação do Instituto Politécnico do Porto com o Governo Civil do Porto. Uma produção dos Serviços de Vídeo do IPP com a colaboração de professores e alunos do Departamento de Fotografia, Cinema, Audiovisual e Multimédia da ESMAE e realização de Jorge Campos. 


Sinopse:

Para muitos o dia 14 de Maio de 1958 terá sido o início do fim da ditadura em Portugal. A cidade do Porto saiu à rua para receber o General Humberto Delgado, candidato pela oposição à eleições presidenciais. Dias antes, instado a pronunciar-se sobre o destino de Salazar caso vencesse as eleições, Delgado proclamara: “Obvimente demito-o”. Foi o rastilho que incendiou o País. 50 anos mais tarde, o Porto evocou esse dia memorável em que o Povo saiu à rua numa manifestação sem precedentes, para sempre ligada ao destino do General Sem Medo.


21.45 BMAG

1. Censura e Estado Novo


Filmes: O Pintor e a Cidade (1956) e A Caça (1964-1970) (Duas versões, a do autor e a censurada) de Manoel de Oliveira
Apresentação de Manoel de Oliveira 


2. O olho em estado selvagem 

Introdução de Fátima Lambert
Filme-concerto
Entr’ Acte (1924) de René Clair
Projecto: musicar as imagens, «cenas quase quotidianas»
Músicos (ESE – IPP):
Maria Bernardete Felisberto – voz e outros
Sara Esteves – voz e outros
Sílvia Boga – voz e outros
Vera Ferreira – sax e outros
Raquel Fontão Barbosa – sax e outros
Carlos Ramos Silva – trombone e outros
António Vale – Guit. e outros
Sara Pinheiro – piano, voz e outros
Susana Gonçalves – piano, voz e outros
Direcção musical – Francisco Monteiro

Professor (ESE-IPP), pianista, compositor. É membro dos grupos G.M.C.L. e Oficina Musical. Diplomado em piano (U. Viena), Mestre em Ciências Musicais (U. Coimbra) e Doutor em Música Contemporânea (U. Sheffield), é investigador (CESEM) nas áreas da estética musical, da música contemporânea portuguesa e da interpretação musical.


Dia 4


Dia dedicado a Ray Müller e Leni Riefenstahl

Carta branca a Ray Müller

(a ordem da programação que se segue é flexível podendo ser alterada em função do entendimento do autor).


14.30 BMAG

Masterclass de Ray Müller

Nascido 1948, Ray Müller cursou Literatura inglesa e francesa, na Universidade de Munique. Estudou cinema em Londres e Montpellier. Depois de terminado o M.A. trabalhou como argumentista e realizador na televisão, especializando-se em documentários. O seu filme mais conhecido e premiado é The Wonderful Horrible Life of Leni Riefenstahl. Ray Müller é professor convidado da Universidade de Berkeley, Califórnia, desde 2006.

Um pacto com o diabo



16.30 BMAG


Filme:
O mundo maravilhoso e horrível de Leni Riefenstahl (1993) de Ray Müller
Apresentação de Ray Müller

Filme:

Um Sonho de África (Ein Traum Von Afrika)(2003)de Ray Müller

Apresentação de Ray Müller


21.45 BMAG

Filme:
Olimpíada (1938) de Leni Riefensthal
Apresentação de Ray Müller

Dia 5

14.30 BMAG


1. Escolas - O Ensino e as Representações do Mundo

Universidade de Newport, Reino Unido Ken Grant
Universidade de Tübingen, Alemanha - Ulrich Hägele 
Escola de Fotografia de Arles e Museu do Louvre – Christian Milovanoff


17.30 BMAG

2. Escolas - O Ensino e as Representações do Mundo

CTCAV/ CTM (IPP), Portugal - Olívia da Silva
Universidade de Santiago de Compostela, Galiza - Margarida Ledo Andión
Karel de Grote Hogeschool, Bélgica - Els Fieuw e Ineke Mertens



21.45 BMAG

Memória e esquecimento

Filmes:

Nuit et Brouillard (1955) de Alain Resnais


A Nossa Música (2004) de Jean-Luc Godard
Apresentação de Frédéric Sabouraud


 

Dia 6


14.30 BMAG

Masterclass de Ulrich Hägele
Ulrich Hägele tem formação em Estudos Culturais e História da Arte pela Universidade de Tübingen. Curador de Museus e redactor de Rádio na emissora SWR em Estugarda e Baden-Baden. É investigador em Ciências da Comunicação na Universidade de Tübingen e especialista em Propaganda do III Reich.

 A Fotografia e o III Reich

17.30 BMAG

Masterclass de Frédéric Sabouraud
Frédéric Sabouraud é professor de cinema na Universidade de Paris 8 ( Estética do filme documentário e de ficção e escrita de argumento). Organiza e dirige ateliers de escrita e realização em França e no estrangeiro. Ė tambėm realizador ( “ Sans faire d’histoires “ 2006 ) e crítico de cinema. Foi membro da direcção da redacção dos “Cahiers du Cinéma “ e é colaborator das revistas “ Trafic” e “Images documentaires”. Ensaista, é autor de várias obras entre as quais: “ L’Adaptation au cinéma”, “Histoire du cinéma iranien 1900-1999” e “Depardon/Cinema”.

Filmar o que desapareceu
A propósito do filme S21, La machine de mort Khmère rouge (2004) de Rithy Panh 


Sinopse:
Interrogar “os poderes da imagem” através das tentativas do cinema para encenar a recordação, não só como meio para relatar um acontecimento passado, mas, também, como acta de memória, de ficção, de reconstrução, como processo da representação de representações.


21.45 BMAG

Filmar o quotidiano
Filme:
O Sabor da Cereja (1997) de Abbas Kiarostami
Apresentação de Frédéric Sabouraud

Dia 7


14.30 BMAG

Masterclass de António Pedro Vasconcelos
Frequentou o Curso Superior de Filmografia na Universidade de Paris IV e é um dos cineastas representativos do Cinema Novo Português com o filme Perdido por Cem (1973). Responsável por alguns dos filmes portugueses de maior sucesso comercial como O Lugar do Morto (1984) e Jaime (1999), a sua obra tem sido reconhecida em diversos festivais internacionais. Participou na criação da V.O. Filmes, da Opus Filmes e ainda do Centro Português de Cinema que produziu a maior parte dos filmes do Cinema Novo. Foi chefe de redacção, com João César Monteiro, da revista Cinéfilo e colunista da revista Visão, entre outras publicações. Presidiu ao grupo de trabalho encarregado pela Comissão Europeia de fazer o Livro Verde para a Política do Cinema e Audiovisual e exerce funções docentes na área do cinema e da televisão no ensino superior.

Imagens da guerra colonial 

Sinopse:
“A Câmara não é uma janela, é um cache” (André Bazin). O problema da honestidade no documentário. Ir à procura, dez ou quinze anos depois, do que escondem as imagens que nos são apresentadas como de reportagem, com a caução do real. O documentário como reacção à reportagem e às suas manipulações: a montagem, mas também a própria imagem, o enquadramento: que verdade há num testemunho enquadrado de tal forma que não vemos o revólver apontado, fora de campo, à cabeça do entrevistado?

Filme:

Adeus e até ao meu regresso (1974) de António Pedro Vasconcelos


17.30 BMAG

Masterclass de José Manuel Costa

Licenciado em Engenharia, José Manuel Costa desempenhou, desde 1975, diversas funções na Cinemateca Portuguesa tendo sido, nomeadamente, seu vice-presidente e responsável pelo ANIM (Arquivo Nacional das Imagens em Movimento). Foi presidente da Associação das Cinematecas Europeias durante vários anos. Lecciona História do Cinema e do Documentário na Universidade Nova de Lisboa e é o responsável do Curso de Vídeo e Cinema Documental na Escola Superior de Tecnologia de Abrantes.  

 

O Regresso aos Kinoks

A propósito da interrrogação sobre o lugar do cinema hoje, breve evocação da ruptura modernista de há um século (período 1908-1930) e da relação do cinema e das outras artes neste contexto. De onde o cinema é visto, de onde o cinema vê.
Excertos de filmes de Dziga Vertov


21.30 BMAG


1. O Poder das Imagens: curtas políticas ou politicamente incorrectas
Filmes:
Selecção de curtas metragens políticas da Agência da Curta Metragem de Vila do Conde

Superfície de Rui Xavier
Portugal 2007 Fic 13'
Betacam SP PAL
Sinopse:
Por muito calma que pareça a superfície do oceano, cada vez que cruzamos a linha, que divide a terra do mar, entramos num mundo desconhecido e imprevisto. Ao voltarmos à terra será que o nosso mundo se mantém igual?

Plot point de Nicolas Provost
Bélgica 2007 doc/Exp 15'
Betacam SP PAL
Sinopse:
A real e muito famosa ‘cop land’ americana com as suas sirenes de carros de polícia, fardas, ambulâncias e ruas apinhadas de gente, facilmente se transforma num cenário de cinema perfeito, pondo não só em questão os limites entre realidade e ficção, mas também os códigos da narrativa cinematográfica (a curva de tensão, o climax, o ‘plot point’), brincando com as nossas expectativas e deixando o mistério por desvelar.

The adventure de Mike Brune
EUA 2007 Fic 22'
35 mm
Sinopse:
Um casal de reformados de classe média faz um passeio no parque para desfrutar de um piquenique. A serenidade de uma refeição íntima na natureza é destruída pelo aparecimento de um mimo consternado que foge de uma misteriosa ameaça. Enquanto o mimo explica o seu drama através de uma elaborada performance, o homem e a mulher aborrecem-se e ficam indiferentes, limitando-se a esperar pelo momento de pagar ao “artista de rua” e irem-se embora. Os seus esforços fracassam. Antes que consigam
escapar, passam de espectadores inactivos a participantes contrariados num crime imaginário que expõe mistérios perturbadores sobre performance, empenho e violência.

Le soleil et la mort voyagent ensemble de Frank Beauvais
França 2006 EXP 11'
35 mm
Sinopse :
Nunca mais as cores, nunca as folhas ou olhares. Tudo engolido numa estranha catástrofe. Tudo despedaçado. A única coisa que resta do universo que se desmorona é esta barraca cheia de gente que se acotovela. Está tudo morto e vazio. Georges Hyvernaud "Skin and bones"

Apresentação de Nuno Rodrigues (Festival de curtas metragens de Vila do Conde)


2. O Poder das Imagens: a comédia ao poder

Filme-concerto:
A princesa das ostras (1919) de Ernst Lubitsch
Introdução de Jorge Campos
Improvisação sobre o filme A Princesa das Ostras




Combo (ESMAE – IPP)
Voz: Rita Martins
       Guitarra: Carla Seiça
Contrabaixo: João Cação
Piano: Juan Buenafuente
Saxofone Alto: João Martins
Ossi Nuermela: Bater



Imagens do Real Imaginado















Olhares sobre a Cidade
Ciclo sobre fotografia e cinema documental
4ª edição

5 a 10 de Novembro de 2007
Auditório da Biblioteca Municipal Almeida (BMAG)
+
Passos Manuel (PM)
Uma iniciativa do Curso de Tecnologia da Comunicação Audiovisual do Instituto Politécnico do Porto (TCAV), da Alliance Française Portugal e do Goethe Institut Portugal no Porto no âmbito do Project Elysée com a colaboração do  Curtas de Vila do Conde – Festival Internacional de Cinema e Solar Galeria de Arte Cinemática – Vila do Conde.
Projecto Elysée
O Project Elysée resulta de uma parceria franco-alemã para efeito da organização de actividades culturais a desenvolver em países terceiros. Criado por ocasião do 40.° Aniversário do Tratado de Elysée pelos Ministérios das Relações Exteriores da Alemanha e da França tem por objectivo promover a visibilidade de ambos os países. O Project Elysée requer a colaboração de parceiros locais reconhecidamente qualificados, numa perspectiva de interacção criativa, por forma a tirar partido de sinergias existentes e garantir o sucesso das iniciativas programadas.

Narrativas sobre o real
Cidades e cineastas. Países. Há países que antes de o serem são cinema. A América, diz Baudrillard, é um país cinematográfico. A cidade americana parece ter saído, viva, da sala de cinema: “Por isso, para aprender o segredo, não se deve ir da cidade ao ecrã, mas sim do ecrã à cidade”. Segredo é, portanto, a palavra chave do cinema. É impossível ficar-lhe indiferente porque dela se espera que em si mesma contenha o seu contrário: revelação. E o mesmo sucede com a fotografia, esse argumento sobre o mundo em pinceladas de luz convidando à viagem que, como diria Cartier-Bresson, viajante infatigável, põe na mesma linha de mira a cabeça, o olho e o coração.

Mas, atenção: a imagem, por natureza, é polissémica. E o discurso, sendo uma prática expressiva da linguagem com vista à produção e circulação social de sentido, tem uma pluralidade equivalente à de quem o produz. Por isso, a narrativa, ou seja, a criação de um universo imaginário apoiado em lugares, acontecimentos e personagens, porque resulta do discurso, faz a refracção do olhar de muitas e variadas maneiras. É esse o sentido destes Olhares sobre a Cidade.

Fição? Não-ficção? Dir-se-ia que a ficção inventa livremente acontecimentos e personagens de modo a construir um argumento e que a não-ficção produz asserções sobre acontecimentos e personagens do mundo histórico. Mas que importa? Em qualquer dos casos, no Cinema e na Fotografia a imaginação criadora tem um papel determinante na estruturação da narrativa, ou seja, no modo como o discurso procede à representação do real. Por alguma razão este ciclo se chama Imagens do Real Imaginado.

Quer a cidade cinemática, porque irrompendo do ecrã se revela outra, quer a cidade fotográfica, porque num instante parece fixar o limiar da transcendência, são exemplos das ilimitadas possibilidades combinatórias reguladas pelo olho que observando selecciona, seleccionando imagina, imaginando revela e revelando questiona. Da metamorfose do real pró-fílmico ou pró-fotográfico em algo organizado segundo um estilo e um ponto de vista podem, portanto, resultar muitas cidades. Nelas cabem avenidas, edifícios, perspectivas, movimento, máquinas, linhas de fuga, volumes, espaços, amor, mistérios, angústia, medo, violência, ritmos, sons, neblinas, o sol e a chuva, ordem e desordem, o dia e a noite, o sexo e a morte, tudo o que se queira e gente, sobretudo gente, pessoas, porque as cidades são habitadas, aliás, foram construídas para serem habitadas.

A pós-modernidade, é certo, deu corpo ao não-lugar. De certo modo é isso que está em Vacancy de Mathias Müller. Em Playtime Jacques Tati ironiza magistralmente com esses espaços de apagamento da memória, sem identidade e sem história, de serviços automáticos, despidos de espessura humana proclamando embora a singularidade e a individualidade dos seus protótipos e dos seus autómatos. De igual modo, o projecto fotográfico 8/2 de Olívia da Silva sobre “um dos mais fascinantes lugares do mundo: o mercado (...) onde bate o coração da cidade sem folclore nem cerimónia” propõe como oposição radical ao não-lugar esse mundo “que aguça os sentidos: os rostos, os pregões, os cheiros, as cores, o bulício, confundem-se e sobrepõem-se de forma estonteante.” São ainda lugares vivos de identidades e memórias a cidade do Porto que nos desafia em ambos os filmes de Manoel de Oliveira e a cidade de Lisboa tal como Fernando Lopes a viu em Belarmino.

Cidades imaginadas. Cidades imaginárias. Partindo do espaço e do tempo do ecrã ou do instante decisivo fixado na imagem fotográfica, em qualquer dos casos, a aventura do olhar resulta de possibilidades combinatórias indutoras de metamorfoses praticamente ilimitadas. Assim, a cidade de Berlim (1926) de Walter Ruttman não é a cidade de Berlim (1998) de Manfred Wilhelms, como a cidade de Paris de Jean Rouch em Petit a Petit (1971) não é nem é a cidade de Paris de René Clair em Paris qui dort (1925), nem a cidade de Paris de Joris Ivens de La Seine à rencontré Paris (1958).  Tão pouco a cidade de Lisboa de Lisbon Story (1994) de Wim Wenders é a cidade de Lisboa de Berlarmino (1964) de Fernando Lopes. Nem sequer a cidade do Porto de Douro, Faina Fluvial (1931) de Manoel de Oliveira é a mesma cidade do Porto de O Porto da Minha Infância (2001) do mesmo Manoel de Oliveira. E, contudo: quanto mais amplo é o escopo das narrativas, tanto mais expressivo é o perfil dessas cidades imaginadas nas quais a presença da memória, dos traços de um determinado presente e de um ponto de vista confere o sentido prospectivo da incursão em cidades imaginárias.

Uma nota final sobre estes Olhares sobre a Cidade. Os filmes seleccionados inscrevem-se em diversos episódios da História do Cinema. Os mais antigos remetem para as vanguardas artísticas dos anos 20 e 30 do século passado, os mais recentes entram pelo século XXI, como sucede com a obra do canadiano Mike Hoolboom, que tem vindo a desenvolver um conjunto de instalações nas quais utiliza o cinema e os media enquanto espelho dos indivíduos na sua relação com o mundo numa visão crítica dos paradigmas emergentes da voragem da mediatização. Todos obedecem, porém, a um denominador comum: são exemplarmente modernos porque, enquanto propostas, respeitam a transparência do olhar, rejeitando o caos das imagens. O mesmo sucede com a obra dos fotógrafos convidados, neste caso, reflectindo a diversidade da fotografia actual.

Em suma, como resulta da selecção de filmes e dos projectos fotográficos, bem como do painel dos convidados, procurou-se abrir espaço a um olhar transversal fundado em saberes multidisciplinares, cujo denominador comum reside, porventura, nessa razão utópica de sonhar infinitamente o lugar da Cidade e de quem a habita.

                                                                                                              Jorge Campos  


Dia 5 de Novembro 2007
14.30 – BMAG
Sessão de Abertura
Presença de representantes de todas as instituições envolvidas:
Instituto Politécnico do Porto
Alliance Française Portugal
. Goethe Institut Portugal Porto
. Curtas Vila do Conde - Festival Internacional de cinema e Solar Galeria de Arte Cinemática – Vila do Conde
. Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo
. Curso de Tecnologia da Comunicação Audiovisual do IPP

Filme de escola (CTCAV):
Latitudes (2007, 12’, DVD) de Andreia Teixeira do Curso de Tecnologia da Comunicação Audiovisual do Instituto Politécnico do Porto

15.30– BMAG 
Apresentação de Mike Hoolboom por Nuno Rodrigues do Festival Internacional de Curtas-Metragens de Vila do Conde.
Filme:
Public Lighting (76’, Beta SP) de Mike Hoolboom
Apresentação de Mike Hoolboom


17.30 – BMAG
Masterclass
Mike Hoolboom
Mike Hoolboom é um cineasta canadiano com enorme prestígio internacional na área do cinema experimental e de projectos transdisciplinares, tanto do ponto de vista da criação como da crítica, que tem vindo a desenvolver um conjunto de instalações nas quais utiliza o cinema e os media enquanto espelho dos indivíduos e da sua vida no mundo, propondo, numa visão acutilante e crítica, os paradigmas emergentes da voragem da mediatização da Arte e da Cultura e, sobretudo, do Cinema e dos Audiovisuais.

21.45 – PM
Filme:
Imitations of Life (75’ Beta SP) de Mike Hoolboom
Apresentação de Mike Hoolboom
  
Dia 6 de Novembro 2007
14.30 - BMAG
Filme:
Berlin, Sinfonie einer GroßstadtBerlim, Sinfonia de uma Grande Cidade (1927, 65’, 16 mm) de Walter Ruttmann


Apresentação de Helmut Färber
Helmut Färber
Helmut Färber é um dos mais influentes críticos de cinema da Alemanha. Nascido em Munique em 1937 estudou Literatura Alemã e História de Arte. Em 1962 começou a escrever para o jornal diário alemão Süddeutsche Zeitung e, pouco depois, para a revista Filmkritik. É professor em Berlim na DFFB (Academia Alemã de Filme e Televisão), bem como em Munique na HFF (Escola de Ensino Superior de Filme) e no Instituto da História de Arte da Universidade de Munique. Tem uma vasta obra publicada. Continua a escrever para Filmkritik e, também, para a revista francesa Trafic.
  
Berlim, Sinfonia de um Cidade (1927) de Walter Rutmann é um filme que exalta o movimento e o dinamismo de uma grande cidade. Numa altura em que a capital alemã era um verdadeiro laboratório das artes, Ruttmann, um pintor vanguardista, faz esta sua primeira grande incursão no cinema deixando como legado um filme intemporal, cuja modernidade continua inquestionável. 

Intervalo 
Filme:
Berlin, Im Lichtbild der GrossstadtBerlim, Imagens de uma Cidade (1998, 82’, 16mm) de Manfred Wilhelms


O filme de Manfred Wilhelms, pintor, fotógrafo e cineasta, estabelece o contraponto como o filme de Ruttmann. Realizado em 1995, num momento de acelerada transformação devido à queda do muro de Berlim, quando grandes obras começaram a alterar profundamente a imagem da cidade, Wilhelms procurou dar a medida do que estava a acontecer. Fê-lo, no entanto, permitindo que a cidade se fosse revelando por si mesma. Não se serve da autoridade de uma voz em off. Limita-se ao registo de sons e imagens sobre os quais exerce o seu ponto de vista. 
Apresentação de Helmut Färber

17.30 – BMAG
Painel
O Cinema e as Cidades: perspectivas


Filme:
Vacancy (2001, 13’, 16mm) de Mathias Müller
Brasília a cidade de superlativos, a cidade moderna, a capital do Brasil. Mas também a cidade anónima de arquitectura sobredimensional, cujos habitantes parecem perdidos. Matthias Müller constrói o seu filme a partir de imagens de arquivo e de cineastas amadores respeitantes à construção de Brasília, às quais sobrepõe textos de Italo Calvino, Samuel Beckett e David Wojnarowicz sobre a relação do homem com a cidade.

Participantes:
Paulo Cunha e Silva
Helmut FärberLuís Urbano
Jean-Luc Antonucci
Arquitecto, Mestre de Conferências na École Supérieure d'Audiovisuel (ESAV - Université Toulouse-Le Mirail) e membro do Laboratoire de Recherche en Audiovisuel (LARA). Especialista em Cinema e Arquitectura é autor de uma tese de doutoramento sobre a perspectiva e o décor no cinema e tem publicação dispersa por diversas publicações. Faz parte do corpo redactorial da Cadrage, a primeira revista universitária on line de cinema. 
Conversador: Jorge Campos
  
21.45 – PM
Filme :
Paris qui dort (1925, 35’, 35 mm) de René Clair



É o primeiro filme avant-garde de René Clair e o primeiro grande filme dadaísta sobre Paris. Albert, o guarda nocturno da Tour Eiffel, assiste ao espectáculo de uma grande cidade adormecida por acção de um raio mágico, invenção de um cientista louco. Cinco personagens, que chegam de avião escapando ao efeito do raio, exploram a cidade e instalam-se na Tour Eiffel. O conceito de tempo, fundamental na arte Dada, é aqui sabiamente explorado. Os relógios de Paris pararam às 3.25h. Manipulando o tempo através dos dispositivos do cinema Clair suspende ou acelera a acção para expor uma outra imagem da cidade e dos seus habitantes.  
Apresentação de Jean-Luc Antonucci

Intervalo
Filme:
Playtime (1967, 115’, 35mm) de Jacques Tati



A obra-prima de Tati é uma reflexão bem humorada sobre o nosso tempo, o nosso espaço habitado e o nosso espaço interior em função desse mesmo espaço habitado. Turistas americanos aproveitam as vantagens dos vôos económicos para visitar diversas cidades europeias. Quando desembarcam em Paris constatam que o aeroporto é exactamente igual do de Roma, as ruas são semelhantes às de Hamburgo e até os candeeiros são estranhamente parecidos com os de Nova Iorque. Começam a ter contactos com franceses, entre os quais, evidentemente, o Sr. Hulot.
Apresentação de Jean-Luc Antonucci
Dia 7 de Novembro 2007
14.30 – BMAG
Masterclass
O olhar cinematográfico sobre a cidade: metamorfoses
Gerard Collas
Foi uma das presenças regulares na Programação de Cinema da Odisseia nas Imagens do Porto 2001-Capital Europeia da Cultura. Produtor, crítico cinematográfico com textos publicados em diversas publicações, especialista do filme documentário Gerard Collas é igualmente o principal responsável pelo Festival de Cinema Documental de Marselha, um dos mais importantes da Europa.
Filme:
Aurora (1927, 91’, 35mm) de F. W. Murnau


Em toda a história dos Óscares da Academia houve um prémio atribuído uma única vez: “Unique and Artistic Picture”. A distinção foi para Aurora (1927) o primeiro filme americano do alemão F.W. Murnau. Em 1967, os Cahiers du Cinema consideravam-no “a maior obra-prima de toda a história do cinema”. Para François Truffaut era “o mais belo filme de todos os tempos”. Aurora começa por ser a história de um triângulo amoroso, mas é igualmente a história do contraste de dois mundos, a cidade e o campo. A vida tranquila de uma família do campo é posta em causa pela chegada de uma provocante mulher da cidade. Incapaz de lhe resistir, o pai de família decide matar a sua mulher a troco da promessa de uma vida cheia de paixão e aventura. Sendo um thriller psicológico o filme mergulha na tradição das sinfonias das cidades, de que Berlin de Ruttman e Douro, Faina Fluvial de Oliveira, de distintas maneiras, são exemplos, proporcionando uma série de sequências cinematográficas sem paralelo no modo de traduzir quer a vida do campo quer a vida citadina.
Apresentação de Gerard Collas

17.30 – BMAG
Filme :
Petit à petit (1971, 96’, DVD) de Jean Rouch



Este filme é visto habitualmente como a continuação do filme anterior de Jean Rouch Jaguar. Inicialmente com uma duração de cerca de quatro horas conheceu diversas alterações até chegar à versão que hoje circula. A história é como segue. Damouré, que dirige com Lam e Illo a sociedade de importação e exportação Petit à petit, decide construir um grande edifício na sua aldeia do Niger. Parte para Paris para ver “como se vive numa casa com andares”. Na capital francesa descobre o curioso modo de viver e de pensar dos parisienses, que descreve em cartas enviadas regularmente aos seus conterrâneos. Estes julgam que Damouré está a ficar louco e resolvem enviar Lam ao seu encontro para se certificar do seu estado de saúde.
Apresentação de Manoel de Oliveira

21.30 – PM
 Filme:
Lisbon Story (1994, 100’, 35 mm) de Wim Wenders



Lisbon Story resultou de uma encomenda a Wim Wenders de Lisboa 1994 - Capital Europeia da Cultura. O engenheiro de som Philip Winter recebe um postal dum amigo cineasta com o pedido urgente de vir a Lisboa para fazer um filme. Winter descobre que o amigo habita a casa onde os Madredeus ensaiam, mas não há sinal dele. Vendo os rolos de filme que encontra pela casa começa a gravar os sons da cidade que eventualmente possam vir a servir o filme. Finalmente, descobre o amigo, que lhe comunica ter perdido a fé nas imagens. Feito por ocasião do centenário do cinema, contando com a participação de Manoel de Oliveira, este é um filme no qual o cinema se resgata a si mesmo. No mundo do mercantilismo e da banalização das imagens, onde tudo se vende há, ainda, lugar para um final feliz: ao cinema cabe introduzir, lá onde predomina o caos, uma certa ordem do mundo. Wenders tem, aliás, um livro intitulado  A Lógica das Imagens
Apresentação de Helmut Färber


Dia 8 de Novembro 2007

14.30 – BMAG

Painel
Fotografar Cidades
Participantes:
Olívia da Silva
Luis Carvalho
Cláudia Fischer
Georges Dussaud
Dussaud é natural de Brou, próximo de Chartres, onde nasceu em 1934. A fotografia sempre foi um dos seus principais interesses, mas a sua primeira exposição como profissional só se verificou em Nantes, em 1978. Tem trabalhado com frequência em Portugal onde concretizou projectos, por exemplo, sobre as vindimas do Douro, a propósito das quais publicou um livro, e, mais tarde, sobre a cidade de Lisboa. Em 1986 aderiu à agência Rapho. Nos últimos anos tem feito incidir a sua atenção sobre o mundo rural europeu e sobre a Índia.
Conversador: Eric Many

17.30 – BMAG

Filme:
On a Wednesday night in Tokio (2204, 5’ 35’’ DVD) de Jan Verbeek
Jan Verbbeek coloca uma câmara de vídeo fixa diante de uma carruagem do metro de Tóquio. Quando o metro pára na estação, já a carruagem estava superlotada.  Durante 5’ 35’’, o tempo de chegada e o tempo de partida da carruagem, as pessoas vão entrando.
Filme:
Aufzeichnungen zu Kleidern und StädtenNotebook on Cities & Clothes (1989, 79’, 16 mm) de Wim Wenders


Yohji Yamamoto é um dos mais célebres designers de moda japoneses, cujo génio criativo se exerce no intercâmbio entre duas metrópoles: Paris e Tóquio. A câmara de filmar de Wim Wenders acompanha Yamamoto agindo como criador, trabalhando com modelos, estúdios e passarelles. Mas mostra igualmente a relação que se estabelece entre os dois homens em momentos de convívio e descontracção. Daí que neste documentário, a arte de vestir reverta, de certo modo, num retrato das cidades e suscite uma reflexão sobre o que possa haver em comum entre a arquitectura, a moda e o cinema.
Apresentação de Helmut Färber

21.45 – PM
Filme :
La Seine à rencontré Paris de Joris Ivens (1958, 31’, 35 mm)


Palma de Ouro do Documentário no Festival de Cannes de 1958 La Seine a rencontré Paris tem argumento de Jacques Prévert, narração de Serge Reggiani e realização de Joris Ivens. Este elenco, só por si, dispensaria qualquer outro comentário. Seja como for: há um barco que percorre os cais do Sena, artistas que pintam, freiras que se abraçam, amantes que se beijam, um mergulhador que recupera ao rio a bicicleta de um rapazinho, gente que pesca, música de acordeão, enfim, é Paris, c’est la vie.
Apresentação de Gerard Collas
Intervalo

Filme:
Belarmino (1964, 72’, 35 mm) de Fernando Lopes


Com Belarmino Fernando Lopes terá sido o único cineasta português dos anos 60 a aventurar-se por caminhos próximos do cinema directo. O filme não é, com efeito, cinema directo, mas adopta alguns dos seus procedimentos, o que lhe confere uma singularidade sem paralelo no panorama do Novo Cinema Português. É um corpo a corpo com o antigo boxeur Belarmino Fragoso, homem humilde encadeado pelo sucesso, até resvalar para a marginalidade da cidade em que sempre viveu, Lisboa. No seu rosto marcado pelo estigma da pobreza e pelas luvas dos adversários, ele que, noutro país, até poderia ter sido um grande campeão, acaba em saco de pancada, figura de tragédia, a ter de viver dos biscates da Lisboa vadia dos anos 60. Belarmino, como diz Bénard da Costa “é um filme construído sobre o combate de um personagem com um décor, essa portentosa Lisboa do filme que só pode levá-lo ao K.O. em qualquer round”.
Apresentação de Fernando Lopes


Dia 9 de Novembro 2007

14.30 – BMAG
4 filmes CTCAV do IPP 
Selecção de José Quinta Ferreira
Filme:
The Dead Flag Blues de Jorge Oliveira
Duração: 7’
Quando as bandeiras morrem, para onde vão? Imagética urbana, estruturas verticais que irrompem os céus, bandeiras nos seus postes, postes de electricidade e a música de Godspeed You! Black Emperor que deu o nome à curta.
Filme:
Noite Cão de Carlos Amaral
Duração: 17’
Mauro sai para uma festa para fazer a vontade aos amigos que o tentam animar, mas descobre que há noites em que mais vale ficar em casa.
Filme :
La Valse de Lumière de Ana Maia
Duração: 4’12’’
Um sexagenário solitário vagueia pela noite de uma feira de divertimentos. A feira está vazia, mas por entre girândolas de cor tudo funciona, absurdamente.
Filme:
Miguel Bombarda nº 588 de Cláudia Santos
Duração: 8’22’’
Situada no centro da cidade do Porto, a rua de Miguel Bombarda é muito conhecida principalmente pelas suas galerias de arte. No entanto, existe muito mais para além disso. Existem vidas e ofícios que perduram mesmo depois de surgirem as galerias. É um desses ofícios, e uma dessas vidas que vamos visitar.

Intervalo

Visões Úteis: A Caminho do Resto do Mundo
Apresentação de Catarina Martins
A partir de Heart of Darkness de Joseph Conrad a companhia Visões Úteis realizou a peça Resto do Mundo, um espectáculo que atravessa o Porto. O filme documentário A Caminho do Resto do Mundo (2007) parte do cruzamento entre o registo da peça e o resultado de um workshop realizado na Fundação de Serralves com oito jovens dos bairros de S.João de Deus, Lagarteiro e Cerco do Porto, durante o qual os participantes foram desafiados a filmar, em formato em Super 8, a sua visão pessoal dos seus bairros de pertença. O actor Pedro Carreira interpreta um trecho do texto do espectáculo: o início da descida de Marlow, a perturbante personagem de Joseph Conrad, à profundeza das trevas. Uma introdução ao vivo para o filme de Pedro Maia.

Filme (ante-estreia nacional):
A Caminho do Resto do Mundo (2007, 25’,Vídeo) de Pedro Maia 

Marlow relata a sua viagem, rio acima, na direcção do mais remoto dos entrepostos comerciais. À medida que sobe o rio confronta-se, de forma violenta, não só com as trevas que pressente para lá das margens, mas, sobretudo com aquelas que vai cartografando no coração dos homens. Evocando a recordação de Marlow, um taxista erra pela cidade ao encontro das suas trevas.
Apresentação de Pedro Maia 

17.30 – BMAG

Painel
Cinefotografia do Porto: olhares cruzados
Participantes:
Sérgio C. Andrade
Abi Feijó
Virgílio Ferreira
Maria do Carmo Serén
Conversador: Miguel von Hafe Pérez

Filme:
História Trágica com Final Feliz (2006) de Regina Pessoa


Este é o filme português mais premiado de todos os tempos. Já leva mais de 50 prémios muitos dos quais obtidos nos melhores festivais do mundo. Sobre História Trágica com Final Feliz diz Regina Pessoa: “Seguimos uma menina e descobrimos que ela não é igual às outras pessoas, é “diferente”. O traço que a faz diferir não só incomoda a comunidade a que pertence, como se traduz por um profundo sofrimento individual. A comunidade e a menina reagem à diferença, a primeira manifestando a sua intolerância, a segunda isolando-se. Com o tempo, a comunidade acaba por habituar-se insensivelmente à presença da diferença, distanciando-a, mas ao mesmo tempo integrando-a na voragem do seu quotidiano. Porém as diferenças existem, persistem e são irredutíveis. Certas vezes possuem razão de ser e correspondem a estados temporários de trânsito para outros estados de existência, certas vezes são fatais... Seja como for, devem ser assumidas por quem as vive para a levarem a um melhor conhecimento de si própria e a uma mais intensa consciência do mundo. Um dia partirá e deixará a comunidade, que compreenderá, demasiado tarde, que o tal ser estranho que sempre mantivera à distância, tinha acabado por fazer misteriosamente parte da sua vida...”

21.30 – PM
Dois Filmes de Manoel de Oliveira:
Douro, Faina Fluvial (1931, 18’, 35 mm)
Porto da Minha Infância (2001, 62’, 35 mm) de Manoel de Oliveira
Apresentação de Manoel de Oliveira
Filme:
Douro, Faina Fluvial (1931, 18’, 35 mm)


Douro, Faina Fluvial de Manoel de Oliveira opera a metamorfose do material pró-fílmico do quotidiano da zona ribeirinha do Porto numa obra de vanguarda sem equivalente no cinema português. O filme inscreve-se na tradição das sinfonias das cidades de que Rien que les Heures de Cavalcanti, Berlim de Ruttmann e O Homem da Câmara de Filmar de Vertov são paradigmáticos, e reverte numa reflexão sobre o próprio cinema. O filme começa e acaba, aliás, com a luz de um projector, que se verifica depois ser um farol à entrada do rio, o qual evoca metaforicamente os mecanismos cinematográficos. Esse artifício seria retomado 70 anos mais tarde em O Porto da Minha Infância (2001). Oliveira, então com 23 anos, viu o seu filme ser elogiado por Lopes Ribeiro, pateado pelo público, demolido por parte da crítica e proclamado obra-prima por alguns críticos estrangeiros. Hoje, Douro, Faina Fluvial é um filme de carácter monumental, indissociável da memória da cidade do Porto. 

Filme:
Porto da Minha Infância (2001, 62’, 35 mm) de Manoel de Oliveira

  
Este filme resultou de uma encomenda a Manoel de Oliveira por parte da Odisseia nas Imagens do Porto 2001 - Capital Europeia da Cultura. Ao nome de Manoel de Oliveira está associada toda a história do cinema português e, em particular, a história do cinema feito no Porto, cuja memória a Odisseia das Imagens pretendeu recuperar, conferindo-lhe um sentido prospectivo. A encomenda, para além da homenagem ao cineasta, tinha o papel simbólico de representar o renascimento da produção do filme documentário feito a partir da cidade. O Porto da Minha Infância foi a obra de maior relevância produzida no âmbito da Programação de Cinema da Capital Europeia da Cultura. No filme, Oliveira regressa à sua cidade natal 70 anos depois de Douro, Faina Fluvial. Mas, desta vez, filma uma cidade que apenas existe na sua memória. O assombroso plano inicial de um maestro de costas para o público dirigindo uma orquestra invisível anuncia isso mesmo. Depois é um mergulho na memória e a descoberta de uma cidade mágica, porque é a cidade revelada da infância e juventude de Oliveira, como ele e viveu e como ele a viu. 
                                                                                                                                                              
Dia 10 de Novembro 2007

21.30 – PM

Filme Concerto: Lisboa, Crónica Anedótica de Leitão de Barros
Flak Ensemble
Flak (Programações e teclados), Filipe Valentim (Piano), Viviena Tupikova (Violino), Abel Gomes (violoncelo), e Diogo Faro (Clarinete)
Filme:
Lisboa, Crónica Anedótica (1930, 85’, 35 mm) de Leitão de Barros
Este filme concerto foi comissionado pelo Lisbon Village Festival, tendo tido a sua estreia no Forum Lisboa dia 22 de junho de 2007.


A obra teve a sua estreia oficial em 1930 e oferece ao público uma visão da cidade que se respirava na altura. Apesar de este ser o mais autêntico documentário feito até hoje sobre a Capital é também uma fita onde aparecem os maiores actores da época do Teatro e do Cinema de Portugal (Nascimento Fernandes, Beatriz Costa, Vasco Santana, Eurico Braga, Chaby Pinheiro, Estevão Amarante, Josefina Silva, Eugénio Salvador, Adelina Abranches, Costinha, Alves da Cunha…). Todos eles interpretam personagens típicas de Lisboa, misturadas com as figurais reais do quotidiano da cidade. Esta convincente articulação de realidade e ficção, de linguagem documental e fantasia, fazem desta obra um caso sério de inovação. Lisboa, Crónica Anedótica faz-nos respirar e sentir o pulsar de capital portuguesa no final dos anos 20.


Exposição de Fotografia

BMAG 5 a 10 de Novembro

Fragmentos da rodagem de Lisbon Story (1994) de Cesário Alves

Cesário Alves
Master em Art & Design, especialização em fotografia da University of Derby (Reino Unido), 1998-2001. É docente (disciplina de fotografia) no Curso de Tecnologia da Comunicação Audiovisual do Instituto Politécnico do Porto desde 2001. Produz e expõe regularmente fotografia documental desde 1994. Entre as suas exposições mais recentes, contam-se: "1999", exposição individual, Muuda, Porto, 2007; "Adriano, Ensaio Fotobiográfico", exposição individual, Solar, Galeria de arte cinemática, Vila do Conde, 2006; "Superturismo", exposição individual, Galeria Imagolucis, Porto 2004; . "Superturismo", exposição individual, Casa das Artes de Famalicão, 2004; "Passageira mente" exposição colectiva na sala museu do ISEP, integrada no fórum Tecnologia Arte e Consciência, 2004.  
Wenders estava a rodar Lisbon Story tendo, por isso, recusado um convite do festival de Vila do Conde para estar presente numa retrospectiva do seu trabalho. Aproveitei a oportunidade para ir até Lisboa capturar o ambiente das filmagens com o intuito de o poder mostrar em Vila do Conde. Fui bem recebido, mas Wim Wenders não me deu acesso ao coração da rodagem, os interiores do palácio de Belmonte, no pátio de D. Fradique, colina do Castelo de S. Jorge. Ele e a mulher, Donata Wenders, fazem todas as fotografias de rodagem, de sets e de réperages e publicam-nas frequentemente. Daí as suas reservas. Em todo o caso, houve espaço para estes fragmentos.
                                                                                                                                                                                        Cesário Alves


Tema da Comunicação de Olívia Silva no Painel
Fotografar Cidades
8/2  
Olívia da Silva
Doutorada em Fotografia pela Faculdade de Arte e Design da Universidade de Derby, no Reino Unido, Olívia da Silva é Coordenadora do Mestrado de Comunicação Audiovisual e das Licenciaturas de Audiovisual e Mutimédia do Instituto Politécnico do Porto. Expõe regularmente em Portugal e no Estrangeiro. Entre os seus projectos fotográficos de retrato contam-se 8/2, Cabbage and Kings, Trace and Memory; Vai à Janela, Niort Marketplace e In the net. É autora e co-autora de obras de Investigação sobre Representação Fotográfica e Identidades Pessoais e Profissionais. Desenvolve actualmente um projecto académico no Departamento de Investigação de Newport, Reino Unido e em Portugal.

8/2 de Olívia da Silva
Ano: 1997
Locais: Portugal e Reino Unido
Exposto em 1997
 De repente, encontramo-nos frente a frente com os personagens principais de um dos mais fascinantes lugares do mundo, em qualquer contexto cultural: o mercado. Lugar que aguça os sentidos : os rostos, os pregões, os cheiros, as cores, o bulício, confundem-se e sobrepõem-se de forma estonteante.
A pós-modernidade fabrica não-lugares, como define Marc Augé, lugares sem identidade e sem história dos serviços automáticos e dos cartões de crédito, lugares de comércio mudo, de intermediações anónimas paradoxalmente rotuladas de serviço personalizado.
Não há nada mais radicalmente oposto a estes não lugares que os mercados. Fazedores de cidades e de rotas, ocupando cruzamentos e praças, lugares em que os homens se encontram, se misturam, trocam.
No mercado bate o coração da cidade sem folclore nem cerimónia. No não-lugar é preciso meter o cartão ou comprar o bilhete para pagar o serviço e receber o respectivo sorriso contido.
Ao isolar as vendedeiras num cenário despojado, Olívia da Silva fixa rostos, indumentárias, mas também o vinco do carácter. Faz delas personagens centrais, desta representação diariamente reposta. Lembra-nos que são as pessoas que fazem os lugares, as identidades e as memórias. Os não - lugares são outros.

DIAPORAMA

BMAG 5 a 10 de Novembro

25 Frames # 1 Segundo

Alunos do 2º ano de TCAV

Coordenador: João Leal

FORA de HORAS

Dia 9 de Novembro 2007
24.00 – PM

A Cidade
DiscJockey: Alex The Fool ( PsP_Progressive Sounds of Porto)
VideoJockey: Playgirl

O tema A Cidade remete-nos para uma infinita possibilidade sonora e visual que todos nós inconscientemente identificamos facilmente, transpondo-nos de imediato para uma realidade urbana que nos pertence e que da qual fazemos parte. O conceito é tentar passar por essa realidade, transpondo para dentro de um espaço fechado esse despertar inconsciente do público, a partir da desconstrução sonora e
visual do que é a vida frenética e atordoada de uma Cidade, do seu passado e do seu presente, contando, para o efeito, com uma instalação de vídeo a partir de duas telas de projecção e dois plasmas.

Dia 10 de Novembro 2007

24.00 - Pitch Club
Phil Stumpf  
Phil Stumpf é um artista de rara e intensa dinâmica, merecendo o destaque e atenção de todos os amantes da música. Nascido em Berlim no início da década de 70 optou por viver estes últimos anos na cidade de Paris. Durante o curso de Medicina que tirou na Alemanha, deu início à experimentação como DJ e produtor, mas foi já em Paris, através das lendárias festas MINIMAL DANCING no Nouveau Casino, organizadas em conjunto com Sam Rouane - com quem partilha também o projecto DUPLEX 100 - que Phil Stumpf abriu portas à sua brilhante carreira. A sua actividade musical não se esgota, contudo, na cena clubbing, já que integra o elenco de várias bandas, de entre as quais se destaca a banda electrónica alemã OH!, na qual concentra actualmente toda a sua criatividade e energia. No entanto, a ambição como músico ultrapassa os parâmetros criativos, encetando uma empenhada actividade na qualidade de organizador de eventos, como é o caso do FESTIVAL MUSIC-ALLEMAND, um festival de música alemã realizado anualmente em Paris, e do DEUTSCH MINIMAL, um programa criado pelo Goethe Institute para a divulgação da sonoridade minimal fora da Alemanha no qual colabora enquanto director artístico. Associado às editoras OUT OF ORBIT, FROZEN NORTH, MOON HARBOUR, TRENTON, FRANKIE REC, nos seus DJ-sets revela uma apaixonada atitude funk, entendida na sua perspectiva mais minimal. Ninguém fica indiferente à sua estética, uma inteligente combinação de funk
com minimal, responsável pelas noites de dança mais memoráveis.


Contactos:
 IPP
Goethe Institut
 Alliance Française Portugal

Inquérito IRI


1. Quando e como começou este projecto?

Este ciclo de Fotografia e Cinema Documental principiou há 4 anos. Tratou-se de lançar uma iniciativa que não só permitisse projectar a imagem do Curso de Tecnologia da Comunicação Audiovisual (CTCAV) do IPP, reforçando a sua ligação ao exterior, mas também que fosse preparando terreno para opções especializadas tendo em vista a adaptação à Declaração de Bolonha, nomeadamente quanto aos mestrados profissionalizantes dos quais então começava a falar-se. Uma das preocupações foi, naturalmente, incluir as Imagens do Real Imaginado nos planos curriculares. Outra, a de internacionalizar o evento desde a primeira edição, na qual esteve presente o Curso de Ciências da Comunicação da Universidade de Santiago de Compostela através da sua decana Margarida Ledo Andión, aliás, ela própria uma documentarista. Em edições posteriores, entre outros, estiveram representantes do curso de audiovisuais de Toulouse e realizadores com Jose Luis Guerín, Rahul Roy e Mercedes Alvarez. A expectativa é a de aprofundar este tipo de contactos tendo em vista o funcionamento dos mestrados.

2. Quais as diferenças entre o plano para este ano e o plano do ano passado?

Do ano passado para este ano há óbvio um crescimento das Imagens do Real Imaginado. Essa tem sido, aliás, uma das características das iniciativas do CTCAV, como ainda recentemente se verificou com a exposição Take Way, realizada em parceria com o curso de design da ESEIG do IPP, na Biblioteca Almeida Garrett que teve mais de 3.000 visitantes. Também não deixa de ser significativo que o número de candidatos ao curso mais do que decuplique o número de vagas. Quanto ao ciclo passa a desenvolver-se em dois espaços, a Biblioteca Almeida Garrett e o Cinema Passos Manuel, e aproxima-se de um modelo testado com êxito no Porto 2001-Capital Europeia da Cultura, a Odisseia nas Imagens. Muitos dos convidados destes Olhares sobre a Cidade foram, de resto, participantes regulares nessa iniciativa como Manoel de Oliveira, Fernando Lopes, Abi Feijó ou Gérard Colas. Outros foram mesmo programadores da Porto 2001, casos de Paulo Cunha e Silva e Miguel Von Hafe Pérez. Acresce que, desta vez, há parcerias com a Alliance Française do Porto e com o Goethe Institut Portugal do Porto, que deverão ter continuidade. O ano passado o ciclo já contou, como também conta este ano, com a colaboração do Festival de Vila do Conde.

3. Quais são as perspectivas para o próximo ano relativamente a este evento?

Envolver um número ainda maior de parceiros, quer a nível nacional quer internacinal, nomeadamente tendo em vista criar condições de produção de nível profissional para efeito da concretização dos mestrados. Por outro lado, em todos os ciclos e iniciativas já realizados houve sempre a preocupação de apresentar trabalhos de estudantes. No caso do Take Way, por exemplo, todos os trabalhos fotográficos e videográficos eram exclusivamente da autoria dos alunos. Procuramos apontar para a excelência, mas sabemos que esse percurso leva o seu tempo, isto apesar de muitos dos trabalhos produzidos no âmbito da nossa escola terem sido premiados em múltiplas ocasiões. O próximo ciclo será, portanto, mais uma etapa desse percurso, certamente ainda mais ambicioso, e procurando lançar raízes para se transformar numa referência da vida cultural na cidade do Porto. 

Jorge Campos
Programador



IMAGENS DO REAL IMAGINADO

Ciclo de fotografia e cinema documental

3ª edição

6 a 10 de Novembro de 2006
Cinema Passos Manuel
Porto



Gustav Deutsch World Mirror Cinema (WELT SPIEGEL KINO), episodio 3: Cinema São Mamede Infesta / Porto / 1930 
O Mundo
Começamos pelo fim. O Mundo, um filme do cineasta Jia Zhang-Ke, é uma metáfora da China de hoje. Construído a partir do parque temático de Pequim com o mesmo nome e no qual é possível encontrar réplicas de grandes dimensões de monumentos como o Big Ben, a Torre Eiffel, a Estátua da Liberdade ou as pirâmides do Egipto, o filme aborda a trama de relações que se vão fazendo e desfazendo entre as diversas personagens que, por qualquer razão, partilham aquele espaço que no espaço do ecrã adquire uma espécie de ressonância surreal.  E, surreal, porquê? Porque a realidade do parque, pretendendo ser uma representação tangível desse outro mundo exterior que ao longo dos séculos foi impondo a sua marca cultural e civilizacional corresponde, afinal, neste caso, no plano simbólico, à distância onírica que separa o valor de ambas as faces de uma mesma moeda: de um lado, a imagem de um país, a China, onde o crescimento e a modernização não têm paralelo na história recente da humanidade; do outro, a imagem de uma sociedade, a chinesa, aturdida, dividida entre o choque da competitividade e o peso de uma tradição e cultura milenares.

O que parece ser norma do processo de globalização, tal como o vamos conhecendo, é a aplicação de um modelo economicista de desenvolvimento, ou seja, o entendimento da economia como um valor em si mesmo e não como pilar de uma organização social cuja prioridade é o homem e o seu bem estar. Este modelo necessita, naturalmente, de um outro, no plano simbólico, por forma a operar um efeito de legitimação. Para autores como Chomsky é justamente essa a função do sistema de media que opera à escala global. A ele competiria definir as estratégias de sedução e as ilusões necessárias de modo a induzir os consentimentos necessários. Nada, porém, é linear. Pelo contrário, o sistema é em si mesmo contraditório e, como tal, está sujeito a episódios de disfuncionalidade, eventualmente irreversíveis. São características das mensagens dos media, por um lado a entropia e, por outro, aquilo que numa leitura pós-moderna remete para a emancipação do significado na sua relação com o real. No primeiro caso, é requerida alguma forma de capacidade de organização da informação, no segundo, há o inconveniente de a determinada altura a historicidade entrar em conflito com as suas representações.

É justamente neste ponto que encaixa Good Night, and Good Luck de George Clooney. Ao recuperar um mito americano, a liberdade de informação, através de um episódio célebre da história do jornalismo protagonizado pela figura lendária de Edward R. Murrow, Clooney está mais interessado em questionar os dispositivos e as rotinas actuais da produção das notícias na televisão dos Estados Unidos, do que, propriamente, em fazer ressuscitar a “caça às bruxas” do senador Joseph McCarthy. Ou melhor, as inquirições de McCarthy e a coragem demonstrada por Murrow, mesmo perante a ambígua pressão dos seus patrões da CBS, são apenas sinais de alerta para a situação que ameaça, hoje, gerar uma atmosfera de desinformação globalizada, a qual tem na propaganda e no infotainment as suas manifestações mais perversas.

Neste contexto, The City Beautiful, o documentário do cineasta indiano Rahul Roy, surge como uma peça de resistência. A elucidação que faz da vida de duas famílias de tecelões da periferia de Nova Deli, num registo de observação não intrusivo, corresponde ao retrato de uma exclusão social cujos efeitos são simplesmente implosivos, mas cuja visibilidade é praticamente nula ou tratada em termos de faits divers nos media de grande difusão. O mesmo poderia dizer-se de El Cielo Gira de Mercedes Alvarez, uma peregrinação da cineasta ao lugar de origem, Aldealseñor, pequena aldeia de Soria agora reduzida a 14 habitantes e um pintor. Aldealseñor e a sua História de mil anos, em breve, irão desaparecer sem deixar testemunhas. Em qualquer dos casos, com Roy ou Alvarez, o tema é ainda o nosso mundo. Esse mesmo de cujas representações também já tivemos conhecimento no interior de antigas salas de cinema - lugares de mistérios, fantasmagorias e revelações - revisitadas nos filmes experimentais do austríaco Gustav Deutsch numa espécie de corpo a corpo com a memória ou, se quisermos, num combate contra a rarefacção simbólica que parece afectar o nosso tempo.

Finalmente, numa outra perspectiva, Mark Durden toma como ponto de partida a obra de dois fotógrafos contemporâneos, Paul Seawright e Luc Delahaye, para reflectir sobre os caminhos da arte e do fotojornalismo. No caso de Seawright propõe-se fazer uma leitura do seu trabalho no Afeganistão, Hidden, uma encomenda do Imperial War Museum de Londres. Quanto a Luc Delahaye, procurará fixar o olhar numa série de fotografias panorâmicas e sobre acontecimentos da actualidade mundial que passam igualmente pelo Afeganistão, mas, também pela guerra ao Iraque. A guerra e o saque, a cujas representações, muitas vezes, está associado um toque de luxo e glamour, são, afinal, sinais dos tempos.

Que mundo globalizado, então, é este em que vivemos? Quais as suas representações? Como lidar com a construção da realidade e com os seus artifícios? Quais os limites da Fotografia e do Cinema Documental ou, dito de outro modo, até onde vão os seus poderes de revelação do real?

O ciclo Imagens do Real Imaginado – O Mundo, mais do que dar respostas propõe-se motivar a interpelação, suscitar dúvidas e, se possível, pela via da surpresa, seduzir e gerar perplexidade: não será esse o processo mais estimulante para induzir a vontade de conhecimento, seguindo os labirintos cuja exploração também passa pelo prazer do texto

Novembro, 2006.

Jorge Campos

6 de Novembro

14h.30

Masterclass de Jorge Campos

“De Edward R. Murrow à invasão do Iraque: uma digressão sobre o cinema informativo e o documentário político na América”



17h.30

“Boa Noite, e Boa Sorte” (Good Night, and Good Luck)  
2005, EUA/RU, 90 min
Realização: George Clooney
Com: David Strathairn, George Clooney, Robert Downey Jr, Patricia Clarkson, Jeff Daniels e Frank Langella


21h.30

“Boa Noite, e Boa Sorte” (Good Night, and Good Luck)  
2005, EUA/RU, 90 min
Realização: George Clooney
Com: David Strathairn, George Clooney, Robert Downey Jr, Patricia Clarkson, Jeff Daniels e Frank Langella



7 de Novembro

14h.30
“O Céu Gira” (El Cielo Gira)
2004, Espanha, 110 min
Realização: Mercedes Alvarez
Com: Pello Azketa e os habitantes de Aldealseñor


17h.30
Masterclass de Mercedes Alvarez  (Espanha)

“El Turista y el Viagero”


21h.30
“O Céu Gira” (El Cielo Gira)
2004, Espanha, 110 min
Realização: Mercedes Alvarez
Com: Pello Azketa e os habitantes de Aldealseñor



8 de Novembro

14h.30
Masterclass de Rahul Roy (India)

“My personal search for meaning”


17h.30

“The City Beautiful”
2003, India, 78 min

Realização/câmara: Rahul Roy

Editor: Reena Mohan

Sound: Asheesh Pandya


21h.30

“The City Beautiful” 
2003, India, 78 min

 

Realização/câmara: Rahul Roy

Editor: Reena Mohan

Sound: Asheesh Pandya

9 de Novembro


(em colaboração com  Curtas metragens CRL/Solar Galeria de Arte Cinemática - Vila do Conde e a Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto)

14.30
Masterclass de Gustav Deutsch (Austria)
“FILM IST”

17h.30

World Mirror Cinema  (WELT SPIEGEL KINO)
2005, Austria, 93min

Realização: Gustav Deutsch

Música de Burkhard Stangl e Christian Fennesz

 

episodio 1: Kinematograf Theater Erdberg / Viena / 1912

episodio 2: Apollo Theater / Surabaya / 1929
episodio 3: Cinema São Mamede Infesta / Porto / 1930

21.30

World Mirror Cinema  (WELT SPIEGEL KINO)
2005, Austria, 93min

Realização: Gustav Deutsch

Música de Burkhard Stangl e Christian Fennesz

 

episodio 1: Kinematograf Theater Erdberg / Viena / 1912

episodio 2: Apollo Theater / Surabaya / 1929
episodio 3: Cinema São Mamede Infesta / Porto / 1930


10 de Novembro

14h.30
Masterclass de Mark Durden (Inglaterra)
Documentário Fotográfico Artístico (Paul Seawright  e Luc Delahaye)


17h.30

“O Mundo” (SHI JIE) - 2004, CHINA, 133 min

Realizador: JIA Zhang-ke

Com: Zhao Tao, Chen Taisheng, Jing Jue, Jiang Zhongwei, Wang Yiqun, Wang Hongwei,  Liang Jingdong, Xiang Wan, Liu Juan

21h.30

“O Mundo” (SHI JIE) - 2004, CHINA, 133 min

Realizador: JIA Zhang-ke

Com: Zhao Tao, Chen Taisheng, Jing Jue, Jiang Zhongwei, Wang Yiqun, Wang Hongwei,  Liang Jingdong, Xiang Wan, Liu Juan


SINOPSES DOS FILMES
“Boa Noite, e Boa Sorte” (Good Night, and Good Luck)
2005, EUA/RU, 90 min
Realização: George Clooney
Com: David Strathairn, George Clooney, Robert Downey Jr, Patricia Clarkson, Jeff Daniels e Frank Langella
A acção de “Boa Noite, e Boa Sorte” decorre na América do início dos anos 50 quando o documentário jornalístico de televisão dava os primeiros passos com Edward R. Murrow em See it Now e a “caça às bruxas” do Senador Joseph McCarthy atingia o paroxismo. Murrow e o seu amigo e produtor Fred Friendly decidem investigar os métodos de McCarthy e preparam uma emissão sobre o assunto. Desafiando as pressões, aliás, ambíguas, da direcção da CBS, bem como as ameaças dos patrocinadores da retirada de financiamentos, Murrow e a sua equipa, enfrentando o medo das represálias, fazem uma série de quatro emissões que ficariam para a história do jornalismo americano. McCarthy não caiu só por causa de See it Now, mas o programa contribuiu seguramente para o levar a responder perante o Senado e para liquidar as suas aspirações políticas. Feito num registo quase documental, com uma extraordinária fotografia a preto e branco, “Boa Noite, e Boa Sorte” reproduz com fidelidade o que foram esses tempos de alucinação persecutória, bem como a primeira grande batalha travada na televisão americana em nome de um jornalismo independente.

“O Céu Gira” (El Cielo Gira)
2004, Espanha, 110 min
Realização: Mercedes Alvarez
Com: Pello Azketa e os habitantes de Aldealseñor

Na Aldealseñor, uma aldeia de Soria, restam hoje 14 habitantes. São a última geração, depois de mil anos de História interrompida. Hoje, a vida continua. Em breve, vai extinguir-se sem deixar testemunhas. Os vizinhos da aldeia e o pintor Pello Azteca partilham algo: as coisas começaram a desaparecer diante dos seus olhos. A narradora volta então às suas origens e assiste a esse final, ao mesmo tempo que procura recuperar a primeira imagem do mundo: a da infância.

“The City Beautiful”
2003, India, 78 min

Realização/câmara: Rahul Roy

Editor: Reena Mohan

Sound: Asheesh Pandya


Sunder Nagri (Cidade Bela) é uma pequena colónia operária nas margens da capital da Índia, Deli. As famílias aqui residentes são, na sua maioria, oriundas de uma comunidade de tecelões. Nos últimos dez anos, por efeito da globalização, assistiram a uma gradual desintegração da tradição do tear manual. As famílias vêem-se obrigadas a enfrentar a mudança bem como a reinventar-se para subsistir. The City Beautiful é, assim, a história de duas famílias que se debatem para dar sentido a um mundo que insiste em empurrá-las para as suas margens. Radha e Bal Krishan encontram-se num momento crítico da sua relação. Bal Krishan não tem trabalho suficiente e é constantemente enganado. O motivo da discórdia é o facto de Radha trabalhar fora de casa. Contudo, no meio dos momentos altos e baixos, conservam a capacidade de rir. Shakuntla e Hira Lal pouco comunicam. Vivem debaixo do mesmo tecto com os filhos, mas são prisioneiros das suas próprias tragédias pessoais.


World Mirror Cinema  (WELT SPIEGEL KINO)
2005, Austria, 93min

Realização: Gustav Deutsch

Música de Burkhard Stangl e Christian Fennesz

 

episodio 1: Kinematograf Theater Erdberg / Viena / 1912

episodio 2: Apollo Theater / Surabaya / 1929

episodio 3: Cinema São Mamede Infesta / Porto / 1930


WELT SPIEGEL KINO (O MUNDO ESPELHA O CINEMA) – o título desde logo sugere o seu conteúdo: a reflexão mútua sobre a realidade do mundo e o mundo do cinema.
Sequências documentais encontradas dos primeiros tempos da cinematografia oferecem um ponto de partida em que o cinema é objecto de auto-reflexão: registos cinematográficos mostrando cinemas nos seus ambientes urbanos – incluindo a vida nas ruas, os transeuntes, circunstantes curiosos e as suas reacções à câmara. O segundo ponto de partida compreende os filmes que fazem parte da programação destes cinemas e os títulos destes filmes que vemos nos cartazes publicitários dos cinemas.

WELT SPIEGEL KINO – permite que a realidade da rua à porta dos cinemas e o mundo do cinema entrem num diálogo cinemático. Personagens individuais, que são representativos de uma posição social idealizada, são arrancados ao fluxo dos transeuntes. Estes personagens são apresentados em retratos fictícios compilados a partir de materiais de arquivo dos mesmos lugares e época. Estes retratos proporcionam um contraponto aos protagonistas individuais dos filmes – que estão a ser passados nos cinemas respectivos – sob a forma de uma citação de filme.

“O Mundo” (SHI JIE)
2004, CHINA, 133 min

Realizador: JIA Zhang-ke
Com: Zhao Tao, Chen Taisheng, Jing Jue, Jiang Zhongwei, Wang Yiqun, Wang Hongwei,  Liang Jingdong, Xiang Wan, Liu Juan

Tao está a viver um sonho no World Park, um lugar onde os visitantes podem ver monumentos internacionais famosos sem terem de deixar os subúrbios de Pequim. A bela e jovem dançarina e as suas amigas executam, diariamente, no parque, espectáculos com temas sumptuosos, entre réplicas do Taj Mahal, da torre Eiffel, da Praça de São Marcos, do Big Ben e das Pirâmides do Egipto. Tao e o seu namorado, Taisheng, que trabalha como segurança no parque, mudaram-se há alguns anos para a cidade grande vindos das províncias do Norte. O seu relacionamento entrou agora numa encruzilhada. Taisheng apaixonou-se por Qun, uma designer de moda que conhece numa viagem de regresso a casa.  As companheiras de Tao têm as suas próprias viagens sentimentais. Xiaowei questiona o seu futuro com o seu namorado irresponsável, Niu. Entretanto, Youyou usa o romance como vantagem para as suas ambições profissionais. Nem todos os que vêm para Pequim conseguem arranjar um emprego onde os jogos de SMS sejam aceites como parte da vida diária. Muitos, como o artífice Erxiao, experimentam uma realidade muito mais dura. Mas, apesar do divertimento e da magia, mesmo os microcosmos do parque são vulneráveis à mudança. Para Tao e os que estão em torno dela, haverá casamentos e separações, lealdades e infidelidades, alegrias e tragédias. No meio de toda esta trama de relações pessoais, O Mundo, afinal, não é mais do que uma metáfora da China actual, um imenso país de tradições seculares perante o impacto de um crescimento sem precedentes na era da globalização.


SINOPSES DAS MASTERCLASSES

Masterclass de Jorge Campos (Portugal)
“De Edward R. Murrow à invasão do Iraque: uma digressão sobre o cinema informativo e o documentário político na América”

O cinema informativo ocupa um lugar importante e, muitas vezes, negligenciado na História do Cinema. Citzen Kane de Orson Welles começa com uma paródia a March of Time, newsreels que influenciaram fortemente o filme documentário dos anos 30 e 40 e muitos dos seus praticantes, entre os quais, John Grierson. Este cinema informativo podia ser frívolo, formalmente descuidado e até recorrer, amiúde, a falsificações. Zelig de Woody Allen tem a ver com tudo isso. Mas, também soube elevar-se a outros patamares, mesmo quando surgiu abertamente ligado à propaganda pela mão de mestres como Capra, Ford, Wyler ou Huston, para citar apenas alguns. No início dos anos 50, enquanto os cineastas franceses se batiam por um cinema de autor de forte ressonância poética e criativa, na América o documentário entrava na televisão pela mão de Edward R. Murrow e ajustava-se, não apenas às características do medium, mas também ao conceito de objectividade que serve às rotinas de produção das notícias. Em plena “caça às bruxas”, Murrow afronta o senador McCarthy, e vence. Mas, a partir de então, o documentário jornalístico americano, ao invés de prosseguir uma via atenta, criativa e acutilante, institucionaliza-se e serve fundamentalmente para legitimar a ideologia da Guerra Fria veiculada a partir da Casa Branca. Os campeões do cinema directo dos anos 60 ainda acreditam na possibilidade de um novo tipo de jornalismo televisivo, mas em breve se desiludem. Seria fora da televisão que fariam os seus melhores filmes. Com Wiseman e o seu método de observação algo de verdadeiramente diferente voltou a acontecer. A partir de então, o documentário americano foi assumindo uma grande variedade de formas e, no âmbito do cinema independente, tem vindo a produzir múltiplas obras de enorme contundência política. Ironicamente, o grande responsável por este surto parece ser George W. Bussh. O meu método de exposição basear-se-á, fundamentalmente, no comentário a excertos de filmes que exemplificam este percurso.

Masterclass de Mercedes Alvarez  (Espanha)
“El Turista y el Viagero”

Existen, entre otras, dos formas de hacer un documental. Del mismo modo que existen dos formas de realizar un viaje, como un turista o como un viajero. El turista tiene todos los preparativos hechos. Sabe las cosas que verá, como y en qué momento, y las cosas que sentirá. Su viaje preparado y su viaje realizado son el mismo. El viajero no sabe lo que encontrará, sale a la deriva. No sabe de un modo claro lo que busca. Debe extraviarse y dar un rodeo para encontrarlo.

Masterclass de Rahul Roy (India)

“My personal search for meaning”


The documentary as I see it is my personal search for meaning through forging unusual filmic relationships that reveal as much the world to me as me to the world. It is a conscious decision to enter territories of thoughts, dreams and silences that form the everyday but yet are stories of great tragedies and loss. It has been suggested that the documentary is an empirical art form. It is constructed out of fragments or passages of observed events and objects to reflect on the real world. This raises two important issues, one, does the form employed predetermine the fragments and objects to be 'found' and two, is the issue of documentary as an art form. In this seminar, we will examine these two aspects of the documentary in the context of my own journey as a film maker and of my colleagues in India. 

Masterclass de Gustav Deutsch (Austria)

“FILM IST.”

’Uma rapariga de um tempo ido pegou num punhado de cinzas e lançou-as ao ar e as faúlhas transformaram-se em estrelas’.
(Um conto boximane)

"FILM IST." é uma declaração reflexiva. O cinema existe sem qualquer definição. O cinema – entendido como meio para a produção de imagens em movimento por meio da luz – é um fenómeno óptico e não uma invenção de seres humanos. O primeiro cinema foi uma caverna na qual raios de luz, reflectidos do mundo exterior, entrando através de um pequeno orifício, produziam uma imagem do mundo exterior, invertida e ao contrário, imediatamente depois de a crosta terrestre ter começado a solidificar-se. Uma câmara escura para forças elementares. O curso das estrelas, as fases da lua, eclipses do sol e da lua, relâmpagos – imagens de luz na cabina de projecção do céu. Inspiração periodicamente recorrente para os mitos dos povos da Terra. Os protagonistas permanentes do cinema mundial.

Nesta masterclass apresentarei e discutirei:
  • A panorâmica de 360 graus do mar Egeu, criada pela CAMERA OBSCURA na ilha de Aegina/Grécia, que está erigida sobre os alicerces de uma plataforma de artilharia alemã da Segunda Guerra Mundial.
  • Sequências filmadas hindus com legendas em persa e francês, que encontrei nas ruas de Casablanca, perdidas por um transportador de bobinas entre dois cinemas.
  • O filme de um arranha-céus em chamas em película de nitrato, do proprietário de um cinema croata, fortemente danificada pela água, que tinha sobrevivido a duas guerras mundiais numa cave austríaca.
  • Uma cópia de trabalho de uma telenovela brasileira contendo dois fotogramas de cada cena a ser usada na determinação de tempos de exposição, com notas sobre filtros e valores fotométricos, que era usada por uma empregada de limpeza em São Paulo para lavar os ladrilhos do pavimento de uma casa de banho.
  • Sequências desactivadas de um filme de longa metragem de 35 mm com códigos binários perfurados que Konrad Zuses usou no primeiro computador de cálculo cem por cento operacional que construiu na sala de estar de casa dos pais, em Berlim, em 1936.
·       O subcapítulo 9.3.5 (Rodagem) do subcapítulo 9.3 (Primeiro contacto) do capítulo 9 (Conquista) da imagoteca de FILM IST.7-12
·       Capítulo 9 (conquista) de FILM IST.7-12

Masterclass de Mark Durden (Inglaterra)

Documentário Fotográfico Artístico (Paul Seawright  e Luc Delahaye)

Tratarei de questões resultantes da intersecção entre o fotojornalismo e a arte, em particular o trabalho de Paul Seawright no Afeganistão, Hidden, 2003, encomendado pelo Imperial War Museum de Londres, e a passagem de Luc Delahaye do fotojornalismo à arte através de uma série de fotografias panorâmicas e acontecimentos da actualidade mundial, desde a guerra no Afeganistão ao Iraque.

Seawright é um artista cuja obra se enquadra numa tradição particular do documentário artístico, em reacção ao conflito na sua cidade natal, Belfast. Tendo estudado com Paul Graham e Martin Parr, o seu trabalho combina o documentário artístico com uma admonitória relação modernista com a capacidade chocante, explícita e reveladora (e distanciamento dela) da fotografia documental, particularmente no seu papel dentro do fotojornalismo. Na essência, o modernismo é anti-realista. A sua obra está imbuída de uma rejeição do género de imaginário fotojornalístico que veio a dominar a cobertura que a imprensa fez da guerra na sua terra natal. O facto de ter chegado ao Afeganistão depois de muita da devastação ter sido infligida ao país permitiu-lhe prosseguir a estética documental minimalista, com a sua perspectiva da margem do ardor do conflito, que havia estabelecido com o seu trabalho em Belfast.

Delahaye chega à arte vindo do fotojornalismo e tem vindo a produzir imagens muito menos moderadas do que as de Seawright. Elas tiram pleno partido desse aspecto revelador e criador de sensações da capacidade da fotografia de evidenciar acontecimentos e explorar a prevalência da fotografia realista a cores de grande formato no mercado artístico - Andreas Gursky, Jeff Wall, Thomas Struth. Delahaye usa uma antiga câmara panorâmica a fim de nos mostrar uma visão maior e mais abrangente, numa posição de recuo que contraria o princípio de proximidade do fotógrafo de guerra de Robert Capa. Carregadas de pormenor, as suas fotografias possuem uma grandeza e importância, assumem uma solenidade histórica e opõem-se à instantaneidade e subsequente obsolescência imediata da imagem noticiosa mediática. Revivem a ideia de a história pintar através da fotografia. Comparada com o eufemismo modernista de Seawright, a táctica de Delahaye é intrinsecamente pictórica e espectacular.

A galeria de arte ou o livro fotográfico proporciona decerto um contexto mais aberto e menos restrito do que o jornal ou a revista e pode permitir ao fotógrafo a transmissão de informação e percepções sobre determinados conflitos e situações, desvalorizados ou deficientemente representados pelos meios noticiosos. Ao mesmo tempo, enquanto arte, este trabalho destaca as tensões irresolúveis entre a beleza e a estética no que diz respeito à representação de focos de conflito, dor e sofrimento. Em termos da circulação das obras como bens artísticos de luxo, o que elas revelam amplia as contradições e o abismo entre os excessos da sua celebração e aprazimento de primeiro mundo e o espectáculo dos “outros mundos” que apresentam, países e territórios assolados por uma violência e destruição que é muitas vezes parte integrante da manutenção do Ocidente da sua ordem primeiro-mundista e dos seus opulentos excessos.

Dados Biográficos

Jorge Campos é jornalista, documentarista, programador cultural e professor do Ensino Superior. Desempenha funções de assessor de Coordenação do Curso de Comunicação Audiovisual do Instituto Politécnico do Porto, onde lecciona as disciplinas de Cinema e é responsável pela área científica de Estudos Visuais. Foi o Programador responsável pelo Departamento de Cinema, Audiovisual e Multimédia do Porto 2001-Capital Europeia da Cultura. Trabalhou na Imprensa, Rádio e Televisão, tendo sido jornalista da RTP durante 25 anos, durante os quais muitos dos seus trabalhos foram premiados ou distinguidos. Entre outros, Galápagos – As Ilhas Encantadas (Açor de Bronze na categoria de Reportagem na Mostra Atlântica de Televisão), “Tuaregues” no Tecto do Mundo (Menção Honrosa Melhor Documentário Português no Festival de Cinema Documental da Amascultura), Nadir (Prémio Gazeta de Televisão do Clube de Jornalistas, Prémio de Cultura Sampaio Bruno do Clube de Jornalistas do Porto, Menção Honrosa do Clube Português de Imprensa, Selecção Oficial do Festival du Scoop et Journalisme de Angers), A Regata do Infante (Menção Honrosa do Clube Português de Imprensa), Torga (Menção Honrosa do Clube Português de Imprensa), Eugénio de Andrade – O Poeta (seleccionado para representar a RTP no Prix Europe de Televisão 1993). Faz parte de diversos grupos de trabalho de âmbito nacional e internacional, cujo objectivo é fomentar o ensino e prática no Ensino Superior numa perspectiva profissionalizante.

Mercedes Álvarez realizou em 1997 a curta-metragem “El viento africano”. A partir de 1998, resolveu dedicar-se à linguagem documental, tendo participado no Master de Documental de Creación da Universidad Pompeu Fabra de Barcelona. Foi montadora da longa-metragem “En Construcción” de José Luis Guerín, a qual ganhou em 2001 o Goya de Melhor Documentário, bem como o Prémio do Júri no Festival de San Sebastián. O seu documentário “O Céu Gira” (2004) é igualmente uma criação no âmbito do curso de mestrado da Universidad Pompeu Fabra, tendo contado com a participação do director Jordi Balló, bem como com a colaboração de mestrandos e o apoio do ICAA, Canal +, dos governos de Navarra e do País Basco e das juntas de Castilla e León. “O Céu Gira” tem conquistado prémios em todos os festivais por onde tem passado, nomeadamente, o Grande Prémio no Cinéma du Réel de Paris (atribuído por um júri onde marcavam presença Jia Zhang-Ke e Ross McEIwee), vencedor do VPRO Tiger Award no Festival de Roterdão e o prémio de Melhor Filme no Festival de Cinema Independente de Buenos Aires.

Rahul Roy concluiu o seu mestrado em Produção de Cinema e Televisão, em 1987, no Mass Communication Research Centre, Jamia Millia Islamia, em Nova Deli, e desde então, tem trabalhado na área do documentário como cineasta independente.  É bolseiro da MacArthur Foundation Fellowship na India. Os seus documentátios têm sido apresentados nos principais festivais internacionais, nomeadamente o IDFA, Munique, Leipzig, Paris, Cracóvia, Hawai, Yamagata, Lisboa, Bruxelas e Katmandu . Os seus últimos três filmes, “When Four Friends Meet”, “Majma (Performance)” e “The City Beautiful” examinam os cruzamentos entre o homem, o trabalho e a cidade, sendo conhecidos pelo modo como criam e revelam os ambientes de intimidade no âmbito das relações pessoais e familiares com o mundo. Tem sido distinguido por diversas vezes, nomeadamente  com o prémio Basil Wright no Festival Internacional de Cinema da RAI e com o Prix International de la Scam do Festival du Cinéma du Réel de Paris. De momento trabalha no seu quarto filme, o qual propõe um olhar sobre a classe operária de Nova Deli.

Gustav Deutch nasceu em 1952 em Viena. Entre 1970-1979 estuda arquitectura. Entre 1980-1983 é membro da Medienwerkstatt Wien, trabalhando em vídeo desde 1983. Membro do Grupo Artístico Internacional Der Blaue Kompressor Floating & Stomping Company. Desde 1985 trabalha com Hanna Schimek, tendo realizado, desde 1989, numerosas obras cinematográficas. É desde 1997 membro da sixpackfilm, e desde 2001 membro de After Image Productions. Realizou trabalhos sobre a fenomenologia do meio cinematográfico. Dedica-se à investigação artística. Tem realizado projectos desde 1985 com Hanna Schimek, e desde 1997 projectos sob a designação D&S.

Mark Durden ganhou reputação como especialista em fotografia e arte contemporânea.Como artista expõe regularmente tanto no seu país quanto internacionalmente enquanto membro do grupo "Common Culture", criado em 1997,o qual, actualmente, é constituído por ele próprio e por David Campbell.  As suas numerosas publicações incluem textos sobre Paul Seawright, Wolfgang Tillmans, John Szarkowski, Paul Graham, David Goldblatt, John Goto, Sophy Rickett, Tracey Emin, Andres Serrano, Dorothea Lange, Mark Lewis, Joachim Schmid, Martina Mullaney e Peter Finnemore. Em Outubro de 2004 foi o comissário da importante Exposição de Fotografia Documental “American FSA documentary photographs for The Lowry”. Acaba de publicar o seu último livro sobre Teoria da Fotografia. Durden estudou Belas Artes no Exeter College of Art and Design e na Glasgow School of Arts e fez primeiro, o mestrado e, depois, o doutoramento em História e Teoria da Arte na University of Kent. Leitor em História e Teoria da Fotografia na University of Derby em 2002 assumiu, no ano seguinte, a direcção do Curso. 



IMAGENS DO REAL IMAGINADO

Ciclo de fotografia e cinema documental

3ª edição

O MUNDO


Coordenação:    Olívia Silva                                odasilva@sc.ipp.pt


Programação:    Jorge Campos                             campos_jorge@netcabo.pt


Produção:                     Cesário M. F. Alves        cesarioalves@gmail.com

                                    José Quinta Ferreira         quintaferreira@gmail.com


Formação:                     Manuel Taboada              mtaboada@iol.pt

                                    Nuno Tudela                              nunotudela@netcabo.pt

                                    Marco Conceição             marcoconceicao@gmail.com

Design:                         Vítor Quelhas                             vquelhas@gmail.com

Secretariado:     Carla dias                      carla.dias@sc.ipp.pt


Apoio técnico:     Serviços de Vìdeo /IPP

                          Serviços de Fotografia /IPP


Apoios Institucionais e Comerciais

Instituto Politécnico do Porto
Caixa Geral de Depósitos
Curtas Metragens CRL
Solar - Galeria de Arte Cinemática
Faculdade de Belas Artes da U P

Prológica
Xerox
Power Focus
Prosonic
Auvid científico
GTC