quarta-feira, 2 de novembro de 2011

em santiago, no campo das estrelas



santiago é um cidade antiga de pedra trabalhada, uma cidade de corpos em busca da luz concedida aos artesãos cujas mãos, por certo tocadas pela graça dos amantes, ergueram catedrais de espanto e palácios de maravilha e desenharam ruas de misteriosa geometria, à medida, talvez, dos passos de caminhantes fascinados ou de um beijo sagrado de bocas aturdidas no voo de um pássaro em lençóis brancos, ao cair do dia. milagre é este rumor nómada de gente devota não do ritual do santo mas da ode dos braços abertos à música dos anjos lá onde a lua se anuncia descaída sobre o lado esquerdo do peito e o coração bate a descompasso no sobressalto de um olhar apaziguado e limpo de tão intensamente arder. peregrino de mim mesmo, agora que a noite cai na memória do tempo e do seu labirinto, sigo o doce flanco da linha do horizonte, o seio súbito desperto no umbral do silêncio e lento aconteço sem tempo entre o campo das estrelas indizíveis e o insondável mistério dos lábios onde a pedra dos séculos respira.


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